São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2006

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AMEAÇA DE RETROCESSO

Após 16 dias de paralisação, terminou a greve de professores e funcionários da rede municipal de ensino de São Paulo. Os grevistas não obtiveram o aumento de salários pleiteado, mas, lamentavelmente, conseguiram colocar em questão o projeto "São Paulo é uma Escola".
O projeto de educação integral da prefeitura entrou na pauta do movimento porque, segundo os grevistas, retirou do período normal de aulas projetos já consolidados, como as salas de leitura e de informática. Além disso, faltariam funcionários e locais adequados para a realização das atividades. A administração municipal prometeu rever a iniciativa.
O programa, iniciado em maio de 2005, é um dos melhores da atual gestão. Através dele a prefeitura aproveita espaços das escolas e de seu entorno para atividades pedagógicas, culturais e de lazer fora do horário regular de aula. A idéia é ampliar a permanência na escola, instituindo um regime que contribua para melhorar a formação das crianças e afastá-las dos perigos das ruas.
Decerto um programa desse tipo acarreta dificuldades de execução e sempre vai precisar de ajuste. É provável que as queixas dos professores tenham algum fundamento. Mas daí não segue que, por esse motivo, o projeto deva ser abandonado. Deve, sim, ser aperfeiçoado, talvez envolvendo mais a comunidade e os pais em seu desenvolvimento.
É lamentável que os professores tenham tratado do assunto como matéria trabalhista, e não como um projeto abrangente para a educação. É indispensável que a Secretaria da Educação mantenha o programa. A maior permanência na escola e a prática de atividades extracurriculares estão entre os elementos essenciais para a boa formação dos estudantes. O fim de um programa como esse seria um enorme retrocesso para a educação pública da capital paulista.


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