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NELSON MOTTA
Lula Futebol Clube
RIO DE JANEIRO - Se fosse técnico de futebol, Lula gostaria de ser um Felipão, mas está parecendo mais com o
Parreira de 1994. A torcida queria o
time atacando, mas ele jogava na defensiva, tocando bola no meio de
campo, talvez porque tivesse um time
medíocre e poucos craques, como se
Romário e Bebeto fossem Palocci e
Meirelles. Só que o time de Parreira
jogou feio e sem graça, mas terminou
campeão, e Lula está ganhando apertado, sob pressão e pode ser goleado.
Insistindo em avançar pela esquerda, o seu time acabou levando várias
bolas nas costas e sofreu dribles desmoralizantes. Pelo meio de campo,
caindo pela direita, fez as suas melhores jogadas e seus gols, num eficiente "futebol de resultados". Mas
tomou muitos gols por tentar ocupar
todos os espaços com companheiros
pernas-de-pau, deixando os flancos
abertos aos ataques adversários.
Certamente o técnico segue a máxima de Neném Prancha, "jogador tem
que ir na bola como quem vai a um
prato de comida", mas os companheiros não precisavam exagerar na
voracidade. Um dos problemas do time é que, muitas vezes, alguém pede
bola, não recebe e bota a boca no
trombone. Isso acabou custando ao
técnico a perda do impetuoso armador e distribuidor Delúbio e do volante de contenção Silvinho "Land
Rover", que marcava as saídas de bola no campo inteiro.
Seu capitão e seu maior craque levaram cartão vermelho, vários titulares foram expulsos e ele hesita em
fazer substituições, seu banco é uma
caixa de surpresas. Lula sonhou em
comandar um time que jogasse de pé
em pé, mas acabou tendo que convocar perebas de divisões inferiores que
só jogam de mão em mão.
Mas a grande originalidade do Lula F.C. é que, pela fraqueza dos adversários, quase todos os gols que tomou foram feitos pelos seus próprios
defensores, numa inédita goleada de
gols contra.
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