São Paulo, domingo, 14 de maio de 2000 |
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CAPITAL PARA CRESCER
Retomar o crescimento econômico tem sido um objetivo declarado do governo. Mas há muita
diferença entre a recuperação de alguns índices de produção ou de vendas, o que se observa nesse momento, e uma autêntica retomada.
O mercado de capitais brasileiro continua tímido, limitado na oferta de papéis no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo e na demanda por ativos de risco. Grandes empresas passaram a se endividar e a emitir papéis nos mercados internacionais ou na Bolsa de Nova York. O governo estuda, no momento, formas de fortalecer esses mercados. A Bovespa mobilizou a imaginação criadora de uma equipe de técnicos para sugerir um novo pregão, centrado em pequenas e médias empresas de alto crescimento ou voltadas para novas tecnologias. Uma nova Lei das Sociedades Anônimas, em exame no Congresso Nacional, também fortaleceria o mercado de capitais. Embora louváveis, essas iniciativas esbarram num ambiente de taxas de juros ainda elevadas demais. Num sistema de leis que nem estão entre as piores do mundo em termos de formulação, mas que deixam muito a desejar no terreno da implementação. Na concentração de renda, uma das piores do planeta, o que certamente não prenuncia um aumento da poupança ou a democratização do mercado de capitais. E na insuficiência das mudanças já promovidas no sistema previdenciário do país. Abre-se, portanto, um vazio entre a criatividade microeconômica, presente em propostas originais como a que a Bovespa examina, e a precariedade das condições macroeconômicas, que limitam a diversificação dos investimentos e asfixiam a formação da poupança doméstica. Por mais criativas que sejam as propostas setoriais ou microeconômicas, elas correm um risco elevado de soçobrar enquanto o governo brasileiro continuar tímido na reforma das estruturas econômicas antigas. Próximo Texto: Editorial: ALGUMA CERTEZA? Índice |
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