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ALGUMA CERTEZA?
Na versão otimista da história, o pior já passou em termos
de ameaças de turbulências globais
na economia. Nesse modo de ver os
acontecimentos, pressupõe-se que
as crises que atingiram países emergentes desde 95 -México, Ásia,
Rússia, Brasil- representaram um
ciclo de tempestades com começo,
meio e fim. Viver-se-ia, neste momento, uma fase de bonança.
De fato, não se tem hoje a ameaça
iminente de uma crise externa como
aconteceu no passado recente. Não
há mais um câmbio que defender de
ataques especulativos. As experiências de âncora cambial, sistemas de
que muitos países se valeram para
aproveitar os capitais sobrantes, foram na sua maioria abandonadas.
Isso não quer dizer que tais economias emergentes estejam hoje bem
mais protegidas contra um novo ciclo de enxugamento do crédito internacional. E tudo indica que isso vai
acontecer, só não se sabe se de maneira contundente ou suave. O contexto é de alta dos juros internacionais, sinal para os investidores abandonarem apostas mais arriscadas.
Em artigo publicado hoje nesta Folha, o ex-ministro da Fazenda e secretário-geral da Unctad, Rubens Ricupero, fala em um mundo econômico feito de incertezas. O sonho ultraliberal de construir um mercado
global de plena liberdade de capitais
e sem amarras comerciais ruiu. E
não há nada para substituí-lo. Toda a
discurseira da nova ordem internacional não passou de um esboço
mal-ajambrado.
É assim que os países endividados,
em especial aqueles com fundamentos econômicos ruins, continuam
expostos aos humores da maior economia nacional do planeta, a dos
EUA. Os mecanismos multilaterais e
nacionais que poderiam servir de rede de proteção contra maiores naufrágios talvez nunca estiveram tão
fracos e/ou desmoralizados. Países,
como o Brasil, fazem apostas em cenários mais azuis. Embora não se veja catástrofe iminente, há no ar, ainda, um grau preocupante de risco.
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