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EMBARGO IDEOLÓGICO
A viagem do ex-presidente norte-americano Jimmy Carter a
Cuba, a primeira de alguém que já tenha ocupado a Casa Branca desde a
revolução de 1959 que colocou Fidel
Castro no poder, contrasta fortemente com a política oficial de Washington para a ilha caribenha.
George W. Bush é provavelmente o
mais anticubano de todos os presidentes dos EUA desde 59. Nomeou
vários cubanos-americanos anti-Castro para postos-chaves em sua
administração, notadamente o chefe
da seção de América Latina do Departamento de Estado, Otto Reich.
Carter, que viaja em caráter privado, exerceu uma administração relativamente liberal no que diz respeito
a Cuba. Foi sob sua gestão (1977-81)
que os dois países restabeleceram relações diplomáticas informais. O ex-presidente ainda negociou a libertação de prisioneiros políticos e tornou
possível que exilados cubanos visitassem seus parentes na ilha. Mais
importante, Carter recentemente
qualificou o embargo dos EUA a Cuba como "contraproducente".
Com efeito, é censurável a forma
como Fidel Castro conduz a política
cubana. É impossível deixar de qualificá-lo como ditador. Só que a forma
que os EUA elegeram para pressionar o líder cubano -o embargo comercial- pune mais a população do
que o dirigente.
No fundo, a relação Washington-Havana permanece marcada pela lógica da Guerra Fria. É um anacronismo que cada vez mais norte-americanos desejam ver superado. Para alguns analistas, a melhor forma de
colocar Cuba na rota da abertura e, a
seguir, da democracia é através da
reaproximação com os EUA.
E o que impede um reaquecimento
das relações é basicamente a comunidade cubano-americana concentrada na Flórida. Para esse grupo,
que tende a reagir mais emocional
do que racionalmente, Fidel é o mal a
ser combatido e destruído.
Infelizmente, a gestão Bush inclina-se a dar ouvidos mais a essa comunidade do que à voz da razão.
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