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DEU NO "NEW YORK TIMES"
O jornal "The New York Times" noticiou com destaque,
no fim de semana, o fato de ter mantido em sua redação, durante quatro
anos, um jornalista responsável por
fraudes em pelo menos 36 reportagens e por informações fictícias em
outras 600. Por que encerrar de forma deliberadamente rumorosa um
caso que, mesmo fadado ao vazamento, poderia ter sido tratado com
maior discrição?
A resposta, obviamente, está no valor da credibilidade. É ela um patrimônio estratégico da boa imprensa,
não apenas em sua dimensão ética
mas também material. O êxito do
diário americano, por exemplo, é indissociável da confiabilidade que o
jornalismo por ele praticado veio emprestar à sua marca. Aí está um caso
em que o mercado premia o interesse público.
A revelação é ainda mais relevante
quando confrontada ao "oficialismo
cirúrgico" praticado por grande parte da imprensa americana e ocidental
na cobertura da guerra do Iraque.
Aqui, o que se viu foi o outro lado da
moeda: como o poder é capaz de
atrair interesses para obter a rendição incondicional de setores da mídia a seus propósitos.
O adesismo na cobertura do conflito demonstrou o perigo da concentração dos meios de comunicação e
ressaltou a importância do pluralismo e da livre concorrência.
Que o "New York Times" tenha investigado e revelado o caso é duplamente positivo. Inicialmente, pela
coragem de mostrar o quanto o público está exposto a distorções no
processo da informação. Pois, se um
dos mais confiáveis jornais do planeta tardou tanto a detectar as fraudes,
o que esperar de veículos menos
comprometidos com a qualidade?
Em segundo lugar, porque a decisão
reafirma a crença na transparência e
na autocrítica como mecanismos de
controle e correção.
Nos dois casos, ganham os leitores
e a ética jornalística.
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