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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Fase 2 começa já

BUENOS AIRES - O que já foi plano B e agora é fase 2 do governo Luiz Inácio Lula da Silva começa até o fim do mês na forma do PPA (Programa Plurianual de Investimentos).
"Será a agenda de desenvolvimento do governo Lula", aposta o ministro do Planejamento, Guido Mantega, depois da agenda da estabilização, até aqui hegemônica.
"Espero que, a partir dela, se pare de falar em risco-país, cotação do dólar etc. e se passe a tratar do que realmente interessa", torce Mantega, no que seria uma boa aposta, se não tivesse sido o próprio Lula a estimular a presença do dólar e do risco-país no noticiário ao falar seguidamente em um e outro.
O PPA será anunciado pelo presidente dentro de uma semana ou dez dias, mas ninguém espere um animal com ossos, pele e músculos. Terá apenas as linhas gerais, à espera de detalhamento nas negociações com os governadores e até com os prefeitos, sem falar no Congresso.
De todo modo, o PPA conterá heresias aos olhos da ortodoxia: políticas comercial, industrial e até agrícola.
Eixo principal, tal como cobrado por Maria da Conceição Tavares: reduzir a vulnerabilidade externa. Significa, no que se refere à política industrial, que serão estimulados os setores exportadores e protegidos os setores que concorrem com importações beneficiadas por impostos mais civilizados do que os cobrados no Brasil.
O estímulo virá de financiamento subsidiado, de compensação tributária para quem concorre com importados que pagam pouco imposto e/ou de benefícios no IPI e em impostos em cascata. Não estão definidos (ou Mantega prefere não revelar) que setores serão beneficiados.
Na área agrícola, já competitiva, a idéia é dar-lhe competitividade mesmo se e quando desaparecer o empurrão representado por um real relativamente desvalorizado.
Tudo isso, no entanto, será inútil com os juros nas alturas atuais, admite Mantega, que aposta na queda. Quando? Nenhum ministro responde -nem sob tortura, como é óbvio.


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