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CLÓVIS ROSSI
Fase 2 começa já
BUENOS AIRES - O que já foi plano B e agora é fase 2 do governo Luiz Inácio Lula da Silva começa até o fim do
mês na forma do PPA (Programa
Plurianual de Investimentos).
"Será a agenda de desenvolvimento
do governo Lula", aposta o ministro
do Planejamento, Guido Mantega,
depois da agenda da estabilização,
até aqui hegemônica.
"Espero que, a partir dela, se pare
de falar em risco-país, cotação do dólar etc. e se passe a tratar do que realmente interessa", torce Mantega, no
que seria uma boa aposta, se não tivesse sido o próprio Lula a estimular
a presença do dólar e do risco-país no
noticiário ao falar seguidamente em
um e outro.
O PPA será anunciado pelo presidente dentro de uma semana ou dez
dias, mas ninguém espere um animal
com ossos, pele e músculos. Terá apenas as linhas gerais, à espera de detalhamento nas negociações com os governadores e até com os prefeitos,
sem falar no Congresso.
De todo modo, o PPA conterá heresias aos olhos da ortodoxia: políticas
comercial, industrial e até agrícola.
Eixo principal, tal como cobrado
por Maria da Conceição Tavares: reduzir a vulnerabilidade externa. Significa, no que se refere à política industrial, que serão estimulados os setores exportadores e protegidos os setores que concorrem com importações beneficiadas por impostos mais
civilizados do que os cobrados no
Brasil.
O estímulo virá de financiamento
subsidiado, de compensação tributária para quem concorre com importados que pagam pouco imposto e/ou
de benefícios no IPI e em impostos em
cascata. Não estão definidos (ou
Mantega prefere não revelar) que setores serão beneficiados.
Na área agrícola, já competitiva, a
idéia é dar-lhe competitividade mesmo se e quando desaparecer o empurrão representado por um real relativamente desvalorizado.
Tudo isso, no entanto, será inútil
com os juros nas alturas atuais, admite Mantega, que aposta na queda.
Quando? Nenhum ministro responde
-nem sob tortura, como é óbvio.
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