São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009

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KENNETH MAXWELL

Jogos parlamentares

NÃO É SÓ no Brasil que os parlamentares tiram vantagem de suas verbas para despesas. Na sexta-feira, o jornal "Daily Telegraph", de Londres, começou a publicar informações confidenciais sobre a exploração de verbas de despesas pelos membros da Câmara dos Comuns britânica.
Essas histórias de cobiça e evasão estouraram como uma bomba. O absurdo de algumas das revelações espantou o público. O escândalo envolve tanto ministros do governo como importantes figuras da oposição.
John Prescott, antigo primeiro-ministro-assistente, usou dinheiro público para pagar pelas falsas colunas Tudor instaladas em sua casa, bem como pela substituição de duas tampas de vaso sanitário. Barbara Follett, ministra do Turismo e mulher do romancista Ken Follett, solicitou 25 mil em verbas para a cobertura das patrulhas de segurança em sua casa.
Jacqui Smith, a secretária do Interior, solicitou a cobertura de uma despesa de 88 pence (centavos de libra) com uma tampa de ralo de banheira, bem como o pagamento de filmes pornô a que seu marido assistiu em um serviço de televisão via satélite.
George Carey, antigo arcebispo de Canterbury, afirmou que as revelações "demonstram que não são apenas alguns parlamentares que se serviram no cocho".
Michael Martin, o presidente do Parlamento, criticou seus colegas que expressaram opiniões críticas sobre o assunto. O "Daily Telegraph", no entanto, provou que Martin havia usado motoristas uniformizados para levá-lo a uma central de empregos, aos escritórios do Partido Trabalhista e a um evento esportivo em seu distrito eleitoral. Ele também gastou 1.834 em tapetes "aristocratas" para sua casa em Glasgow.
O persistente Lorde Mandelson imediatamente saiu em defesa dos acusados. Mas ele mesmo se viu forçado a renunciar por duas vezes às posições que detinha no governo devido ao seu comportamento questionável. Mandelson é amigo muito próximo de Tony Blair, porém, e por isso se viu indicado para o posto de comissário do Comércio Internacional da União Europeia.
Em 2008, tornou-se par vitalício do Reino e retornou ao governo trabalhista como ministro para assuntos empresariais. Lorde Reese-Moog, que editou o "Times", de Londres, entre 1961 e 1981, diz que esses políticos subestimaram gravemente a "repulsa e a ira" do público. Nas mais recentes pesquisas de opinião pública, 71% dos entrevistados consideram que o primeiro-ministro, Gordon Brown, está "se saindo mal". Outros 61% pensam que ele "perdeu a autoridade".


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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