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KENNETH MAXWELL
Jogos parlamentares
NÃO É SÓ no Brasil que os
parlamentares tiram vantagem de suas verbas para
despesas. Na sexta-feira, o jornal
"Daily Telegraph", de Londres, começou a publicar informações confidenciais sobre a exploração de
verbas de despesas pelos membros
da Câmara dos Comuns britânica.
Essas histórias de cobiça e evasão
estouraram como uma bomba.
O absurdo de algumas das revelações espantou o público. O escândalo envolve tanto ministros do governo como importantes figuras da
oposição.
John Prescott, antigo primeiro-ministro-assistente, usou dinheiro
público para pagar pelas falsas colunas Tudor instaladas em sua casa, bem como pela substituição de
duas tampas de vaso sanitário. Barbara Follett, ministra do Turismo e
mulher do romancista Ken Follett,
solicitou 25 mil em verbas para a
cobertura das patrulhas de segurança em sua casa.
Jacqui Smith, a secretária do Interior, solicitou a cobertura de uma
despesa de 88 pence (centavos de
libra) com uma tampa de ralo de
banheira, bem como o pagamento
de filmes pornô a que seu marido
assistiu em um serviço de televisão
via satélite.
George Carey, antigo arcebispo
de Canterbury, afirmou que as revelações "demonstram que não são
apenas alguns parlamentares que
se serviram no cocho".
Michael Martin, o presidente do
Parlamento, criticou seus colegas
que expressaram opiniões críticas
sobre o assunto. O "Daily Telegraph", no entanto, provou que
Martin havia usado motoristas
uniformizados para levá-lo a uma
central de empregos, aos escritórios do Partido Trabalhista e a um
evento esportivo em seu distrito
eleitoral. Ele também gastou
1.834 em tapetes "aristocratas"
para sua casa em Glasgow.
O persistente Lorde Mandelson
imediatamente saiu em defesa dos
acusados. Mas ele mesmo se viu
forçado a renunciar por duas vezes
às posições que detinha no governo
devido ao seu comportamento
questionável. Mandelson é amigo
muito próximo de Tony Blair, porém, e por isso se viu indicado para
o posto de comissário do Comércio
Internacional da União Europeia.
Em 2008, tornou-se par vitalício
do Reino e retornou ao governo
trabalhista como ministro para assuntos empresariais.
Lorde Reese-Moog, que editou o
"Times", de Londres, entre 1961 e
1981, diz que esses políticos subestimaram gravemente a "repulsa e a
ira" do público. Nas mais recentes
pesquisas de opinião pública, 71%
dos entrevistados consideram que
o primeiro-ministro, Gordon
Brown, está "se saindo mal". Outros 61% pensam que ele "perdeu a
autoridade".
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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