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Ainda faltam explicações
DURANTE os ataques do
PCC, agentes da polícia
foram brutalmente assassinados apenas por serem representantes do Estado. O fato não
só justifica como exige reação à
altura do poder público. Daí não
segue que a resposta possa transcender os limites da legalidade,
ou que os responsáveis pelas políticas de segurança possam eximir-se de prestar contas.
De acordo com laudos entregues na segunda-feira pelo Conselho Regional de Medicina do
Estado (Cremesp), as vítimas
mortas por armas de fogo na semana dos ataques receberam em
média quatro tiros cada -nos casos mais extremos, mais de 20 tiros foram disparados contra a
mesma pessoa. Em regiões onde
a atuação do chamado PCC é
mais intensa, como o litoral sul, a
média foi ainda maior.
Segundo o Ministério Público
estadual, das 126 pessoas mortas
em alegados confrontos com a
polícia paulista nos dias mais
agudos da crise, cerca de 60%
apresentam indícios de execução. Constam dos laudos perfurações pelas costas, ferimentos à
bala nos braços e tiros disparados de cima para baixo.
A única forma de dirimir as dúvidas em relação à conduta policial é transparência nas investigações. Infelizmente, o secretário da Segurança de São Paulo,
Saulo de Castro Abreu Filho, tem
atuado na direção contrária.
Sua manifestação mais recente
-o depoimento na Assembléia
Legislativa paulista- foi uma
performance deprimente. O secretário não só se furtou a responder a perguntas como compareceu acompanhado de uma
claque que o socorria com assobios de aprovação.
Austeridade e compromisso
com a prestação de contas é o mínimo que se pode exigir da pasta
de Abreu Filho diante da crise. Se
policiais transpuseram os limites da legalidade, precisam ser
identificados e punidos.
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