São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ainda faltam explicações

DURANTE os ataques do PCC, agentes da polícia foram brutalmente assassinados apenas por serem representantes do Estado. O fato não só justifica como exige reação à altura do poder público. Daí não segue que a resposta possa transcender os limites da legalidade, ou que os responsáveis pelas políticas de segurança possam eximir-se de prestar contas.
De acordo com laudos entregues na segunda-feira pelo Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremesp), as vítimas mortas por armas de fogo na semana dos ataques receberam em média quatro tiros cada -nos casos mais extremos, mais de 20 tiros foram disparados contra a mesma pessoa. Em regiões onde a atuação do chamado PCC é mais intensa, como o litoral sul, a média foi ainda maior.
Segundo o Ministério Público estadual, das 126 pessoas mortas em alegados confrontos com a polícia paulista nos dias mais agudos da crise, cerca de 60% apresentam indícios de execução. Constam dos laudos perfurações pelas costas, ferimentos à bala nos braços e tiros disparados de cima para baixo.
A única forma de dirimir as dúvidas em relação à conduta policial é transparência nas investigações. Infelizmente, o secretário da Segurança de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, tem atuado na direção contrária.
Sua manifestação mais recente -o depoimento na Assembléia Legislativa paulista- foi uma performance deprimente. O secretário não só se furtou a responder a perguntas como compareceu acompanhado de uma claque que o socorria com assobios de aprovação.
Austeridade e compromisso com a prestação de contas é o mínimo que se pode exigir da pasta de Abreu Filho diante da crise. Se policiais transpuseram os limites da legalidade, precisam ser identificados e punidos.


Texto Anterior: Editoriais: À procura do piso
Próximo Texto: Berlim - Clóvis Rossi: Gente rica é outra coisa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.