São Paulo, segunda-feira, 14 de junho de 2010

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Editoriais

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Decolagem atrasada

Beira o ridículo a tentativa do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de evitar o uso do termo "privatização" para caracterizar concessões da exploração de aeroportos à iniciativa privada -algo que já deveria estar em prática há anos, não fossem os preconceitos e a incompetência do governo Luiz Inácio Lula da Silva nessa matéria.
Numa tentativa de se destacar do governo Fernando Henrique Cardoso, ao qual serviu na pasta da Justiça, Jobim declarou à Folha.com que, diferentemente do que se fez àquela época, "não vamos vender ativos, vamos fazer concessões de ativos".
É de esperar que o tributo retórico pago ao atraso petista em ano eleitoral não impeça o ministro de fazer o que é preciso. A situação dos aeroportos brasileiros já pode ser considerada de extrema gravidade sem levar em conta a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. Com a realização desses dois eventos, a perspectiva é de caos.
Jobim anunciou que no próximo mês a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) terminará a "formatação" das concessões. Entre as unidades que devem ser beneficiadas com a medida estão o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, Viracopos, em Campinas, e o Tom Jobim, no Rio de Janeiro.
O famigerado terceiro aeroporto da Região Metropolitana de São Paulo, que nunca foi além de declarações oportunistas de autoridades, também poderá ser entregue à iniciativa privada.
É de estarrecer que a busca de investimentos privados para ampliar e modernizar a estrutura aeroportuária se arraste há tantos anos no Brasil. O governo não tem recursos para bancar a empreitada. Se os tivesse, aliás, seria melhor investi-los em políticas públicas com menos atrativos para empresas privadas.
Também o governo paulista anunciou que pretende privatizar aeroportos do Estado. Esperemos que as iniciativas de Brasília e São Paulo deem resultados o mais rápido possível.


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