Mudam os governos, mas os vícios políticos permanecem. Fatos recentes levam à conclusão de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se esmerado na prática de condutas que no passado foram repetidamente denunciadas e condenadas pelo PT. Já vai se transformando numa constrangedora rotina constatar que o governo petista se serve do ordinário repertório do fisiologismo e do favorecimento político para garantir a fidelidade de seus aliados no Parlamento e tentar assegurar vitórias eleitorais.
Parece ser esse o caso da recente liberação de recursos por meio de emendas parlamentares que beneficiaram esmagadoramente integrantes da base governista, em detrimento de deputados de partidos de oposição. Os números do Siafi (Sistema de Administração Financeira do governo Federal) divulgados na semana passada pela oposição são evidências eloqüentes desses desvios.
Essa não é, contudo, a única modalidade de uso político de verbas públicas praticada pelo governo atual. Dados disponíveis no site do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) indicam que, no primeiro semestre deste ano, cidades sob o comando do PT e da base governista foram indecorosamente beneficiadas na distribuição de recursos do banco de fomento.
O BNDES aprovou 56 novos financiamentos para municípios, dos quais 23 foram concedidos para gestões petistas e 12 para cidades administradas por partidos aliados. Sozinhas, as prefeituras petistas ficaram com 67,9% do total de verbas cedidas pelo banco. A cifra é escandalosa sobretudo ao se considerar que o PT governa apenas 201 municípios dos 5.564 existentes no Brasil.
A reciclagem de práticas condenáveis da velha política por parte do governo é um desserviço que o PT presta ao país -ele que sempre se apresentou como defensor da ética e dos princípios republicanos. Episódios como esses apenas reforçam a idéia, cada vez mais difundida na sociedade, de que, definitivamente, não se pode confiar em políticos.


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