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CLÓVIS ROSSI
Farinha estadual, igual à federal
SÃO PAULO - Mário Covas ainda
era governador de São Paulo quando surgiram as primeiras suspeitas
de irregularidades na CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). Saiu Covas, entrou Geraldo Alckmin, do mesmo
partido, o PSDB, como se sabe.
Saiu Alckmin, entrou José Serra,
também do PSDB.
E a CDHU continua no noticiário
político, que, como também se sabe,
deixou de ser político há muito
tempo para virar policial. Só tem
trambiques, federal, estaduais, municipais, nas estatais, no Judiciário,
no Legislativo (esqueci alguém ou
alguma instituição na lista?).
Vale para o PSDB a crítica que se
faz ao governo Lula: se tivesse se
empenhado em investigar os primeiros indícios, talvez a CDHU voltasse a ser notícia apenas no noticiário sobre a cidade.
Além de não investigar ou investigar molemente, os governos do
PSDB empenham-se, como o governo Lula, em evitar CPIs, com
manobras que Renan Calheiros
certamente invejaria, pelo grau de
cinismo e desfaçatez com que são
praticadas.
Só têm sido mais eficientes talvez
porque a principal oposição estadual perdeu a autoridade moral ao
praticar, no plano federal, tudo o
que critica no Estado.
Mas vale o inverso: que autoridade tem o PSDB - e, de quebra, o ex-PFL, agora DEM- para reclamar
do que acontece no plano federal, se
seu comportamento em casa não
está sendo diferente?
Tudo somado, comprova-se mais
uma vez o que já cansei de escrever
aqui: o mundo político tornou-se
um planeta à parte, que gira em torno de seus próprios interesses, entre eles o de esconder seus podres.
Pior: não sobrou ninguém, depois
da degradação petista, para servir
de grilo falante. Ah, tem o PSOL,
mas são poucos e carimbados de
"radicais", como se ser radical impedisse alguém de denunciar a corrupção.
crossi@uol.com.br
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