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FERNANDO RODRIGUES
Depende das ruas
BRASÍLIA - Semana que vem começa o recesso congressual. O caso
Renan Calheiros entrará então em
velocidade de cruzeiro, salvo novas
manobras protelatórias do presidente do Senado.
Como se diz nos corredores do
Congresso, dificilmente haverá "fato novo". A expectativa ficará por
conta de uma perícia mais aprofundada da Polícia Federal. Numa análise prévia, a PF já disse haver inconsistências nos papéis. A surpresa será pequena se ficar comprovada de fato a falta de verossimilhança
nos negócios renanzistas com a
venda de gado.
O mais curioso neste escândalo é
o caso ter surgido por um processo
endogênico. Houve, é certo, a mãe
da filha fora do casamento, mas esse episódio nem é mais comentado.
Ficaram no ar apenas as acusações
consistentes originadas a partir de
Renan contra o próprio Renan. Ele
resolveu se entregar.
As declarações de Imposto de
Renda com os lucros no setor agropecuário e os recibos de venda de
gado não foram mostrados por um
ex-motorista ou ex-secretária. A
Polícia Federal não vazou nada. O
próprio presidente do Senado forneceu as cópias. Não estava obrigado a fazê-lo. Deu tudo errado.
Foi um daqueles equívocos operacionais irreparáveis. Renan tem
noção do momento. Torce pelo
efeito anestesiante do tempo. No
Brasil, essa é sempre uma aposta
nada desprezível.
O único senador cassado até hoje,
Luiz Estevão, de Brasília, enfrentou
uma crise de quase sete meses. O
"renangate" começou apenas em 25
de maio. Há chão pela frente.
Agora, tudo dependerá da pressão dos eleitores. A mídia tem mostrado os deslizes renanzistas. Os senadores recebem e-mails às centenas. É pouco. Nas ruas ainda reina
uma quase abulia completa.
Ontem começou o Pan. Overdose ufanista na TV. Quando acaba?
frodriguesbsb@uol.com.br
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