São Paulo, sábado, 14 de julho de 2007

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FERNANDO RODRIGUES

Depende das ruas

BRASÍLIA - Semana que vem começa o recesso congressual. O caso Renan Calheiros entrará então em velocidade de cruzeiro, salvo novas manobras protelatórias do presidente do Senado. Como se diz nos corredores do Congresso, dificilmente haverá "fato novo". A expectativa ficará por conta de uma perícia mais aprofundada da Polícia Federal. Numa análise prévia, a PF já disse haver inconsistências nos papéis. A surpresa será pequena se ficar comprovada de fato a falta de verossimilhança nos negócios renanzistas com a venda de gado.
O mais curioso neste escândalo é o caso ter surgido por um processo endogênico. Houve, é certo, a mãe da filha fora do casamento, mas esse episódio nem é mais comentado. Ficaram no ar apenas as acusações consistentes originadas a partir de Renan contra o próprio Renan. Ele resolveu se entregar.
As declarações de Imposto de Renda com os lucros no setor agropecuário e os recibos de venda de gado não foram mostrados por um ex-motorista ou ex-secretária. A Polícia Federal não vazou nada. O próprio presidente do Senado forneceu as cópias. Não estava obrigado a fazê-lo. Deu tudo errado. Foi um daqueles equívocos operacionais irreparáveis. Renan tem noção do momento. Torce pelo efeito anestesiante do tempo. No Brasil, essa é sempre uma aposta nada desprezível.
O único senador cassado até hoje, Luiz Estevão, de Brasília, enfrentou uma crise de quase sete meses. O "renangate" começou apenas em 25 de maio. Há chão pela frente. Agora, tudo dependerá da pressão dos eleitores. A mídia tem mostrado os deslizes renanzistas. Os senadores recebem e-mails às centenas. É pouco. Nas ruas ainda reina uma quase abulia completa.
Ontem começou o Pan. Overdose ufanista na TV. Quando acaba?

frodriguesbsb@uol.com.br


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