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FERNANDO GABEIRA
Escândalos no pipeline
SAIO POR duas semanas e vejo
escândalos no pipeline. O primeiro deles é das licitações da
Petrobras. É preciso cuidado com
escândalos que envolvam empresas globais. A competição é feroz.
A política correta, creio eu, é antecipar-se aos problemas e encará-los de frente. Depois de uma sucessão de desastres ambientais, Felipe
Reichstul aumentou a transparência da empresa e colocou de pé um
sistema de previsão de combate de
acidentes. Custou R$ 1,2 bilhão,
mas compensará.
O escândalo de agora exigirá de
novo um passo para a frente. A tática de uma empresa global não pode
mimetizar a dos políticos brasileiros. Eles negam, retardam processos, fazem chicanas. Não dão a mínima para a própria reputação.
Saio do Brasil de uma certa forma pouco animado com o semestre
que passou. Numa frente exigia um
determinado tipo de comportamento, em outra tentava aplicá-la
no Partido Verde.
Os vereadores de Natal aprovaram um item do plano diretor que
destruiria a zona norte da cidade.
Pedi a expulsão de quatro do PV.
Houve muito choro por isso.
A Polícia Federal resolveu o assunto, lacrando a Câmara e prendendo alguns vereadores, comprados pela especulação imobiliária.
No carro de um deles, conta a imprensa do Nordeste, havia R$
5.000 sob o tapete.
Em Minas, a bancada de sete deputados do PV tendia a aprovar um
projeto que amplia o foro especial
para eles. Justo no momento em
PV nacional adere a uma campanha pelo fim do foro especial, iniciada pela AMB.
O relatório do Banco Mundial
sobre a corrupção no Brasil enfatiza a necessidade de uma resposta.
Pessoalmente, acho que os mecanismos de controle têm melhorado. Mas não deixa de ser bizarro
um país em que um programa político tenha de ser realizado pela Policia Federal, e não pelos eleitos.
A luta contra a especulação imobiliária em Natal e também, recentemente, em Florianópolis, foi realizada também pela polícia, numa
espécie de vácuo político. Houve
uma reação rápida da Câmara, expulsando um vereador. Não é preciso sempre esperar o PSOL.
Entre o Banco Mundial e o PSOL
há um vínculo importante: ambos
denunciam a corrupção. E não deixa de ser bizarro o país onde o único partido que contribui, nesse
ponto, para um capitalismo mais
sério é um pequeno partido socialista.
Terei pelo menos um bom tempo para ruminar essas estranhezas.
E para completar deveres de casa
adiados. Agosto é sempre o mês
mais eletrizante no Brasil.
assessoria@gabeira.com.br
FERNANDO GABEIRA escreve aos sábados nesta
coluna.
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