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ELIANE CANTANHÊDE
Tudo depende dos... fatos
BRASÍLIA - Adivinhe quem o
PSDB e o DEM estão articulando
para a presidência da CPI da Petrobras?! O Fernando Collor de Melo.
Isso mesmo. O ex-presidente da
República que renunciou justamente por causa de CPIs.
Não se fazem mais CPIs como antigamente, mas a verdade é que a
oposição lança Collor nem é para
ganhar, é só para aumentar a confusão e ter pelo menos um votinho a
mais. Instalada hoje, se é que vai
mesmo, a CPI da Petrobras terá
três nomes da oposição e oito do governo. Com Collor, passa a ser quatro a sete. E vai dar o que falar.
Collor ganhou a primeira eleição
direta para presidente, cassou a
poupança do brasileiro, isolou-se
com PC Farias, rompeu com os partidos e com a opinião pública e caiu.
Até voltar ao Congresso e se tornar
aliado de Lula -para quem ele faria
um "mandato extraordinário".
O resultado é que Collor virou
presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, agora ganha vaga na CPI da Petrobras e está livre,
leve e solto para ir para um lado ou
para outro. Ou para ambos. Hoje,
ele viaja com Lula para inaugurar
uma obra. Amanhã, poderá estar
nos braços da oposição para disputar a presidência da CPI contra o
Lula, ops!, contra a Petrobras.
É assim que a CPI nasce sobre
fundadas desconfianças, disputando espaço com aquela Comissão de
Ética esquisita e com dois adversários: Lula reuniu o ministério pela
segunda vez neste ano e lançou o
plano do pré-sal, menina-dos-olhos
da candidatura Dilma. E José Sarney sai da condição de réu para a de
juiz, cancelando as centenas de atos
secretos da era Agaciel Maia (que
não agia sozinho...).
O que vai acontecer com a CPI,
então? Com a palavra o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que já produziu 40 requerimentos de informações para a estreia da comissão:
"Tudo depende dos fatos". A guerra
que começa hoje no Congresso é
justamente para isso: para ver
quem vai produzir mais notícias e
manchetes. Material não falta.
elianec@uol.com.br
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