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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Perto do paraíso
SÃO PAULO - Diante dos novos números do Datafolha, a questão que
se coloca a partir de agora na campanha presidencial é: haverá segundo turno? Hoje, a resposta que
parece mais crível é "não".
A vantagem que Dilma Rousseff
abre sobre José Serra, de oito pontos (41% a 33%), não lhe daria, ainda, a vitória em 3 de outubro. Mas a petista, pela primeira vez, fica perto
de liquidar a fatura pela via rápida,
expectativa que Lula, em particular, alimenta e tem feito questão de
transmitir à cúpula da campanha.
Como Marina, do PV, estacionou
nos 10% e Serra caiu, hoje faltariam
a Dilma apenas 3 pontos percentuais para obter mais de 50% dos
votos válidos. Ou seja, o lulismo
abriu a Dilma a porta do paraíso.
É com essa expectativa e diante
dessa nova configuração de forças
que daqui a três dias a disputa passa a ser travada na TV, com o início
do horário eleitoral gratuito. Não
faz muito tempo, os tucanos imaginavam que poderiam chegar à fase
da guerra televisiva com alguma
vantagem sobre Dilma. Nas últimas
semanas, ficou claro que um empate técnico na largada do horário
eleitoral estaria de ótimo tamanho.
Tudo isso agora já é conversa velha.
Pessoas escoladas no jogo eleitoral-televisivo apostam que Dilma
irá se beneficiar do primeiro impacto das imagens ao lado de Lula. Isso
quer dizer que, se ela não crescer e a
distância em relação a Serra não
aumentar na primeira semana de
TV, isso será uma surpresa.
Em 2006, antes de começar o horário gratuito, Geraldo Alckmin tinha 24%, contra 47% de Lula. O tucano cresceu muito na TV, houve o
escândalo dos aloprados e a disputa foi a segundo turno (quando
Alckmin, literalmente, encolheu).
Mas ele era um desconhecido no
país antes de surgir na telinha. De
certa forma, a situação agora se inverte: muita gente ainda não sabe
que Dilma é "a mulher do Lula".
Tudo, ou quase tudo, conspira
contra José Serra. Descolar Dilma
de Lula e evitar a derrota no primeiro turno se tornou muito difícil.
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