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DEGRADAÇÃO
A honestidade, que em outros tempos era tida como uma
virtude insuspeita, tornou-se, nos
dias de hoje, em certos meios sociais,
sinônimo de frouxidão na vida prática, de "ser otário", em bom português. Essa mudança de significado é
considerada por muitos sintoma da
degradação dos costumes.
É inegável que que as coisas pioraram -e muito- no Brasil em termos de corrupção, violência e tolerância para com o intolerável. Mesmo fatos absolutamente inaceitáveis
já não despertam a indignação que
deveriam. Presos encomendam, da
cadeia, mísseis, pizzas, chope, assassinatos, e organizam bailes funk.
Desnecessário dizer que seguem administrando tranquilamente suas
atividades criminosas, só que sob a
guarda do Estado, sem ter de preocupar-se com a polícia. Levam até uma
vantagem comparativa sobre seus
concorrentes que estão soltos.
São inúmeras as causas que contribuíram para tão lamentável estado
de coisas. Elas incluem desde fatores
macroeconômicos, como o desemprego, até a pequena corrupção do
agente penitenciário, que deixa telefones celulares chegarem aos presos.
A solução -ou pelo menos o encaminhamento- para essas questões
não é tarefa simples que possa ser resolvida num passe de mágica. A deterioração vem ocorrendo há décadas. Outros tantos decênios serão
necessários para que situação possa
ser revertida. E isso se começarmos a
atuar desde já sobre a distribuição de
renda, a educação, a saúde, o lazer.
Esse horizonte de longo prazo não
deve isentar o poder público do imperativo de cumprir com suas obrigações mais comezinhas, como impedir que presidiários sigam no comando de cartéis criminosos. É uma
tarefa urgente à qual o Estado não
pode se furtar, sob pena de desmoralizar-se ainda mais. O resgate dos valores éticos passa pelo resgate do Estado como instituição que a todos representa e promove o bem geral.
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