São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 2006

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PLÍNIO FRAGA

Pedra n'água

RIO DE JANEIRO - A pesquisa Datafolha de ontem mostra curvas opostas nos desempenhos de Lula e Alckmin, considerando as faixas de renda e escolaridade. Reforça a argumentação dos que dizem que o país está eleitoralmente cindido.
Nas quatro faixas de renda, Lula começa com 59% das intenções de voto entre os mais pobres, cai para 45% na classe média baixa, 36% na classe média alta e despenca para 25% dos votos entre os mais ricos. São 34 pontos de distância entre os dois extremos.
Alckmin faz a curva oposta. Começa com 21% entre os mais pobres, vai a 32% na classe média baixa, 39% na classe média alta e dispara a 52% entre os mais ricos. São 31 pontos entre os dois extremos.
O fenômeno se repete nas três faixas de escolaridade. Lula atinge 55% entre os que têm até o ensino fundamental, 49% entre os eleitores de ensino médio e 29% entre os com diploma universitário. São 26 pontos de diferença entre os extremos. Alckmin tem 24% entre os eleitores com menos estudo, 29% entre os de nível intermediário e 43% entre os de nível universitário. São 19 pontos de diferença entre os extremos.
Os analistas de pesquisa gostam de recorrer à imagem da pedra atirada no lago -e das ondas concêntricas criadas lentamente a partir daí- para explicar como se propaga a informação entre as diversas camadas de eleitores. Os mais escolarizados e mais bem remunerados estão na primeira onda. Os menos escolarizados e mais mal remunerados na última.
Os números da pesquisa devem acender a luz amarela no comitê lulista. Mas, a três semanas da eleição, a corrida dos tucanos agora é contra o tempo. Haverá espaço para que as ondas da desintegração de Lula cheguem às camadas mais baixas que hoje o fortalecem? Ou a pedra n'água foi só uma pedra n'água?


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