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PLÍNIO FRAGA
Pedra n'água
RIO DE JANEIRO - A pesquisa
Datafolha de ontem mostra curvas
opostas nos desempenhos de Lula e
Alckmin, considerando as faixas de
renda e escolaridade. Reforça a argumentação dos que dizem que o
país está eleitoralmente cindido.
Nas quatro faixas de renda, Lula
começa com 59% das intenções de
voto entre os mais pobres, cai para
45% na classe média baixa, 36% na
classe média alta e despenca para
25% dos votos entre os mais ricos.
São 34 pontos de distância entre os
dois extremos.
Alckmin faz a curva oposta. Começa com 21% entre os mais pobres, vai a 32% na classe média baixa, 39% na classe média alta e dispara a 52% entre os mais ricos. São
31 pontos entre os dois extremos.
O fenômeno se repete nas três
faixas de escolaridade. Lula atinge
55% entre os que têm até o ensino
fundamental, 49% entre os eleitores de ensino médio e 29% entre os
com diploma universitário. São 26
pontos de diferença entre os extremos. Alckmin tem 24% entre os
eleitores com menos estudo, 29%
entre os de nível intermediário e
43% entre os de nível universitário.
São 19 pontos de diferença entre os
extremos.
Os analistas de pesquisa gostam
de recorrer à imagem da pedra atirada no lago -e das ondas concêntricas criadas lentamente a partir
daí- para explicar como se propaga
a informação entre as diversas camadas de eleitores. Os mais escolarizados e mais bem remunerados
estão na primeira onda. Os menos
escolarizados e mais mal remunerados na última.
Os números da pesquisa devem
acender a luz amarela no comitê lulista. Mas, a três semanas da eleição, a corrida dos tucanos agora é
contra o tempo. Haverá espaço para
que as ondas da desintegração de
Lula cheguem às camadas mais baixas que hoje o fortalecem? Ou a pedra n'água foi só uma pedra n'água?
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