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Editoriais
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A Fiesp nos comerciais
POUCAS instituições brasileiras desfrutam de imagem
tão boa, em termos de eficiência, utilidade pública e importância educacional, quanto as
do chamado "sistema S", de que
são exemplos o Sesi e Senai. Só
por isso, já seria de estranhar que
veiculem publicidade na TV, nos
ônibus e no metrô enaltecendo
qualidades amplamente reconhecidas pela população.
Estranha-se mais ainda -ou
melhor, entende-se perfeitamente- que o material propagandístico esteja concentrado na
figura de Paulo Skaf, presidente
da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo. É a Fiesp,
órgão representativo por excelência do empresariado paulista,
que controla o Sesi e o Senai.
A candidatura ao governo paulista está nas cogitações de Skaf,
que há dois meses contratou o
célebre publicitário Duda Mendonça como consultor da Fiesp.
Eis que o rosto do presidente da
entidade é lançado para o conhecimento mais amplo da população, numa campanha de R$ 8 milhões. Os recursos, é crucial lembrar, provêm de contribuição
compulsória de todo empresário
paulista, seja qual for sua preferência partidária.
Argumenta-se, na Fiesp, que a
presença de Skaf na investida
publicitária seria para mostrar
que Sesi e Senai não são órgãos
do governo, e sim da iniciativa
privada, sendo assim legítimo associá-los ao líder empresarial.
Certamente, não veio da fértil
imaginação de Duda Mendonça
um argumento tão inconvincente. O velho aparelhamento das
entidades sindicais, tão comum
nos órgãos representativos dos
trabalhadores, repete-se na
Fiesp. O público e o privado, a
pessoa e a instituição, misturam-se desse modo pelas artes da política e da propaganda.
E o "Sistema S" corre o risco de
tornar-se, pelo menos até as próximas eleições, uma outra coisa:
o Sistema Skaf.
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