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FERNANDO DE BARROS E SILVA
(Dirceu) Dilma (Erenice)
SÃO PAULO - A Casa Civil teve três
titulares sob Lula. O destino ruinoso do primeiro deles abriu a porta
do paraíso para a segunda. Dilma
Rousseff está hoje na posição que
José Dirceu sonhava para si, não
houvesse o mensalão no meio do
caminho. Dado o histórico da pasta, é o caso de perguntar se Erenice
Guerra está mesmo no lugar errado.
Mas há diferenças entre eles. Dirceu era da tropa de elite do PT.
Caiu, foi enxovalhado, mas preservou algum prestígio no partido, seu
porto seguro. Parte da militância
cultiva por ele certo amor bandido.
Preste atenção agora no que diz
Dilma da sua afilhada, no debate
Folha/Rede TV!: "Eu tenho até hoje a maior e a melhor impressão da
ministra Erenice. (...) Agora, eu
quero deixar claro aqui: eu não
concordo, não vou aceitar que se
julgue a minha pessoa baseado no
que aconteceu com um filho de
uma ex-assessora". Se Lula sacrificou Dirceu em 2005, por que Dilma
não sacrificaria Erenice em 2010?
A ex-assessora ocupa circunstancialmente o coração do poder, o
lugar mais alto da República depois de Lula, mas é um quadro típico do segundo escalão, contra o
qual surgiram evidências de que
usou sua posição para favorecer a
parentela. Além do filho lobista, facilitador do acesso de uma empresa privada a verbas públicas sobre
as quais a mãe-ministra tem influência, foram "descobertos" outros irmãos e agregados de Erenice,
acomodados no Estado e/ou agraciados por negócios vários com o
setor público.
Nepotismo, tráfico de influência,
prevaricação, crime de responsabilidade -sabe-se lá o que pode estar
implicado neste caso. Mas ele parece condenado a ser apenas isso
-mais um caso, o caso Erenice.
Os escândalos foram banalizados e estão desmoralizados porque
Lula quis assim. Não foi obviamente o PT quem inventou o pistolão, o
compadrio ou a pilhagem privada
do Estado. Mas quando o PT foi
criado, a esquerda tinha a veleidade de ser contra o patrimonialismo.
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