São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 2011

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Doralice: Copa e cozinha

SÃO PAULO - Quando deputado, Pedro Novais (PMDB) pagou uma festinha num motel nos arredores de São Luís, no Maranhão, com verba de seu gabinete. Meses depois, quando o caso veio à luz, em dezembro, devolveu o dinheiro. Não deveria ter assumido o Turismo.
Dilma manteve sua indicação pelas conveniências que se conhece. Tem agora mais uma oportunidade de manifestar o pudor republicano que lhe faltou lá atrás e dizer: dá cá o ministério, toma lá o olho da rua.
A alternativa é agir como fez a Câmara, com a ajuda de petistas, no caso Jaqueline Roriz: delitos anteriores ao cargo estão anistiados.
Doralice Bento de Sousa trabalhou entre 2003 e 2010 como governanta (ou doméstica) no apartamento de Novais. Recebia como secretária parlamentar da Câmara.
Este que a Folha revelou ontem é mais um caso miúdo, mas de nenhuma forma irrelevante, de mentalidade senhorial e patrimonialismo explícito. Outros deputados já haviam sido flagrados pagando empregadas com dinheiro público.
Conhecemos em 2009 a história de "Secreta", corruptela de "secretário", como era chamado um agregado da família Sarney que prestava serviços domésticos variados ao clã, mas recebia salário do Senado.
Afilhado de uma oligarquia que dispõe até do helicóptero da polícia para passear na sua ilha privada, Novais mostrou ser um fomentador do turismo de negócios (dele).
Este representante menor do atraso será a próxima vítima da faxina quase involuntária da presidente. Mas e o Turismo, como fica?
Parece mais fácil levantar a ficha corrida da pasta do que enumerar os serviços prestados por ela ao país. Alvo de operação recente da PF, o Turismo se tornou o paraíso das falcatruas envolvendo os tais "convênios para capacitação de mão de obra" e outros trambiques.
Temos a Copa e a Olimpíada pela frente. Mas o Turismo tem as suas próprias prioridades, enroscado entre prontuários policiais e os desmandos do patrão de Doralice.


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