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VINICIUS TORRES FREIRE
E se o Palmeiras for campeão?
SÃO PAULO - Quem lê os detalhes da pesquisa Datafolha fica a pensar que
é mais fácil o trágico Palmeiras vencer o campeonato brasileiro numa final contra o meu infeliz Flamengo do
que José Serra (PSDB) bater Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Serra, de resto,
é palmeirense.
A campanha recomeça apenas hoje, certo, mas parece que Serra entra
em campo com três jogadores a menos. Consideradas as categorias em
que o Datafolha divide a população,
o tucano só vence entre aqueles para
quem o governo FHC é ótimo/bom
(só 23% do eleitorado) e entre os tucanos (4% do total). Não importa
renda, instrução, sexo, interior ou capital. Lula vence em todos os casos.
Serra precisa de vasta migração de
votos. No mínimo, precisa de que um
número de eleitores equivalente a
duas vezes a população da cidade do
Rio de Janeiro deixe de votar no petista. Mas, logo de cara, 7% dos serristas mudaram para Lula (só 3%
dos lulistas fizeram o inverso).
O apoio de FHC a Serra só deve prejudicar o tucano, a julgar pelo Datafolha: deve fazer com que a distância
de Lula para o tucano cresça ainda
mais. A herança do primeiro turno
também é pesada para Serra. O tucano e o petista vão dividir meio a meio
o espólio eleitoral de Anthony Garotinho e Ciro Gomes. De onde Serra
vai tirar os votos para cobrir a distância para o petista?
Entre os lulistas de primeira hora,
77% dizem que não mudam o voto
por causa de um debate. Tanto no
eleitorado de Garotinho como no de
Ciro, 40% podem rever o voto. É razoável supor que, desses eleitores que
podem repensar sua escolha, metade
é Lula, metade é Serra. Pois bem. Caso TODOS os eleitores de Lula, Garotinho e Ciro que deixaram a porta
aberta para a mudança optem por
Serra e NENHUM serrista mude de
idéia, Serra teria uns 52% dos votos.
A depender dos debates, parece que o
PSDB terá de achar um cadáver muito feio no armário de Lula.
Como diz o Clóvis Rossi, lógica e
eleição costumam se estranhar na
América Latina. Mas Serra, hoje, depende de um surto de absurdo para
chegar ao governo em 2003.
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