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ECONOMIA NA CABEÇA
Vários dos prêmios Nobel de
Economia, nos últimos anos,
apontam para temas e abordagens
menos convencionais. Do papel das
instituições à busca de explicações
para o comportamento econômico,
surgem modelos em que a oferta e a
procura -o mercado, enfim- deixam de ser o centro das atenções.
O Nobel deste ano reforça esse reconhecimento, tímido mas inegável,
de que há mais forças entre a oferta e
a procura do que supõe a filosofia
econômica tradicional.
Os economistas Daniel Kahneman
e Vernon Smith, norte-americanos
como boa parte dos premiados com
o Nobel, aproximaram a economia
da psicologia experimental.
Não se trata de abandono da noção
de racionalidade, mas da sua relativização com base na observação de indivíduos em momentos de decisão.
Essa racionalidade condicionada
pelas circunstâncias e pelas inclinações dos indivíduos produz resultados surpreendentes. Indivíduos podem considerar que vale mais ganhar menos, mas estar seguro, do
que buscar o ganho máximo, porém
sem a certeza de alcançá-lo.
É uma abordagem que procura ser
mais realista, já que a incerteza é reconhecida como fator que condiciona as decisões. Nos modelos ortodoxos, a racionalidade individual é total
e no mundo não há incerteza.
Os economistas dessa tendência
também se interessam por experiências de laboratório, outra característica que os distancia da abordagem
convencional, que privilegia a dedução a partir de axiomas abstratos.
Desse recurso à psicologia experimental não resulta uma visão crítica
do capitalismo nem a rejeição total
da visão ultraliberal. Mas a fé no mercado fica em segundo plano diante
da inconsistência possível na economia que existe na cabeça de cada um.
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