São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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ECONOMIA NA CABEÇA

Vários dos prêmios Nobel de Economia, nos últimos anos, apontam para temas e abordagens menos convencionais. Do papel das instituições à busca de explicações para o comportamento econômico, surgem modelos em que a oferta e a procura -o mercado, enfim- deixam de ser o centro das atenções.
O Nobel deste ano reforça esse reconhecimento, tímido mas inegável, de que há mais forças entre a oferta e a procura do que supõe a filosofia econômica tradicional.
Os economistas Daniel Kahneman e Vernon Smith, norte-americanos como boa parte dos premiados com o Nobel, aproximaram a economia da psicologia experimental.
Não se trata de abandono da noção de racionalidade, mas da sua relativização com base na observação de indivíduos em momentos de decisão.
Essa racionalidade condicionada pelas circunstâncias e pelas inclinações dos indivíduos produz resultados surpreendentes. Indivíduos podem considerar que vale mais ganhar menos, mas estar seguro, do que buscar o ganho máximo, porém sem a certeza de alcançá-lo.
É uma abordagem que procura ser mais realista, já que a incerteza é reconhecida como fator que condiciona as decisões. Nos modelos ortodoxos, a racionalidade individual é total e no mundo não há incerteza.
Os economistas dessa tendência também se interessam por experiências de laboratório, outra característica que os distancia da abordagem convencional, que privilegia a dedução a partir de axiomas abstratos.
Desse recurso à psicologia experimental não resulta uma visão crítica do capitalismo nem a rejeição total da visão ultraliberal. Mas a fé no mercado fica em segundo plano diante da inconsistência possível na economia que existe na cabeça de cada um.



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