São Paulo, sábado, 14 de outubro de 2006

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Efeitos da incúria

JÁ SE PASSOU um ano desde que foi detectado o ressurgimento de focos de febre aftosa em rebanhos bovinos e suínos de Mato Grosso do Sul e do Paraná. Os efeitos do fenômeno -causado por evidente falha das instituições oficiais incumbidas do controle sanitário, que descuraram das imprescindíveis ações de prevenção e fiscalização- ainda se fazem sentir com força.
Em resposta à infecção, 59 países importadores impuseram barreiras à entrada de carne brasileira. Destes, até o momento, apenas dois, o Chile e a Rússia, reduziram tais barreiras -mas não chegaram a eliminá-las.
A razão é simples e reconhecida pelas autoridades brasileiras: de acordo com o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, o Brasil não pode exigir uma reabertura completa dos mercados porque não tem como demonstrar que solucionou todos os problemas.
Devido às restrições em tantos mercados, as exportações brasileiras de carne bovina e suína, que se mantinham em forte alta, perderam dinamismo. O volume exportado de carne bovina, que até setembro de 2005 se expandia a taxas da ordem 30%, deverá fechar 2006 perto de uma estagnação. Já as exportações de carne suína, que cresciam mais de 60%, este ano experimentam queda da ordem de 20%.
Os prejuízos se estendem aos cofres públicos. Só com indenizações aos pecuaristas que tiveram animais sacrificados, o Tesouro Nacional gastou mais de R$ 23 milhões. E houve perda de arrecadação não só na esfera federal mas também nos Estados.
A volta da doença evidenciou a necessidade de ampliar as ações de defesa agropecuária. A promessa é que tais ações contem com o melhor orçamento da história em 2007. A conferir.


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