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Brasil sem Nobel
É QUASE anedótica a frustração de brasileiros com o falta de um Nobel. Cientistas
nacionais já chegaram perto, como César Lattes (1924-2005)
com seu méson-pi, partícula atômica que detectou em 1947.
Aconteceu de novo neste ano
com o prêmio aos físicos Albert
Fert (França) e Peter Grünberg
(Alemanha) pela descoberta da
magnetorresistência gigante.
As medições cruciais no laboratório de Fert foram realizadas
pelo brasileiro Mario Norberto
Baibich, em 1988. Ele aparecia
como primeiro autor do artigo
que levaria ao Nobel, mas encarou com grandeza a premiação
apenas do chefe da equipe: "Não
me sinto injustiçado. O Nobel
não vem da descoberta em si, é
dado pelo conjunto da obra. E,
depois que eu voltei para o Brasil, tive problemas técnicos que
me impediram de continuar me
dedicando com a mesma intensidade a essa linha de pesquisa".
Baibich desfiou o rol de obstáculos proverbiais de todo pesquisador brasileiro: falta de equipamentos, dificuldade para aprovar projetos de pesquisa caros e
inovadores, reticência de agências de fomento etc.
Mais que um Nobel, falta ao
Brasil melhorar o ambiente de
investigação. Um começo seria
descomplicar a importação de
aparelhos e materiais e a administração de verbas, além de
criar mais postos de trabalho fixos, com salários dignos.
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