São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2007

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Brasil sem Nobel

É QUASE anedótica a frustração de brasileiros com o falta de um Nobel. Cientistas nacionais já chegaram perto, como César Lattes (1924-2005) com seu méson-pi, partícula atômica que detectou em 1947. Aconteceu de novo neste ano com o prêmio aos físicos Albert Fert (França) e Peter Grünberg (Alemanha) pela descoberta da magnetorresistência gigante.
As medições cruciais no laboratório de Fert foram realizadas pelo brasileiro Mario Norberto Baibich, em 1988. Ele aparecia como primeiro autor do artigo que levaria ao Nobel, mas encarou com grandeza a premiação apenas do chefe da equipe: "Não me sinto injustiçado. O Nobel não vem da descoberta em si, é dado pelo conjunto da obra. E, depois que eu voltei para o Brasil, tive problemas técnicos que me impediram de continuar me dedicando com a mesma intensidade a essa linha de pesquisa".
Baibich desfiou o rol de obstáculos proverbiais de todo pesquisador brasileiro: falta de equipamentos, dificuldade para aprovar projetos de pesquisa caros e inovadores, reticência de agências de fomento etc.
Mais que um Nobel, falta ao Brasil melhorar o ambiente de investigação. Um começo seria descomplicar a importação de aparelhos e materiais e a administração de verbas, além de criar mais postos de trabalho fixos, com salários dignos.


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