São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2007

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ELIANE CANTANHÊDE

Do temporário ao temerário

BRASÍLIA - O senador Tião Viana (PT-AC), que acaba de ser empurrado para a presidência do Senado na dramática circunstância da licença-renúncia de Renan Calheiros, tem uma história respeitável. É desses médicos que põem a mão na massa, vão aos rincões, pesquisam as doenças transmissíveis que mais afetam pobres e miseráveis.
Na política, integra um tripé que mudou o Acre no fundamental, junto com seu irmão, Jorge Viana, engenheiro florestal que foi governador duas vezes, e Marina Silva, cabocla que concluiu faculdade e é ministra do Meio Ambiente.
Numa complexa aliança com procuradores, promotores, jornalistas, policiais, padres e ONGs, eles conseguiram derrotar o que parecia "inderrotável": um esquema que tinha um governador com "n" CPFs e um líder de votos para a Câmara que, entre otras cositas, serrava os adversários -vivos! O nosso velho conhecido Hildebrando Pascoal, cassado e preso.
Apesar desse perfil, ou justamente por causa dele, Tião Viana é conveniente para quebrar um galho, não para assumir a presidência para valer e tentar botar a casa em ordem pós prorrogação da CPMF. Ele é verde, meio inocente, e a tarefa é para maduros e nada inocentes.
Como José Sarney, que já foi presidente da República e do próprio Senado, tem apoio de Lula, é aliado de Renan, tem comando sobre o PMDB, é meio suprapartidário e... quer. Não é de hoje que Sarney faz o oposto dos meros mortais: quanto mais some, mais está articulando. E ele escapuliu para a Argentina.
A cadeira em disputa, porém, tem ejetado presidentes e ex-presidentes, como ACM, Jader e agora Renan. Sentar ali é correr risco, é entrar na linha de tiro. As investigações sobre Renan acabaram resvalando para seus irmãos e braços direitos, como Almeida Lima e Wellington Salgado, que são só coadjuvantes. O protagonista na política é Sarney. Ele sabe o que o espera?

elianec@uol.com.br


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