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ELIANE CANTANHÊDE
Do temporário ao temerário
BRASÍLIA - O senador Tião Viana
(PT-AC), que acaba de ser empurrado para a presidência do Senado
na dramática circunstância da licença-renúncia de Renan Calheiros, tem uma história respeitável. É
desses médicos que põem a mão na
massa, vão aos rincões, pesquisam
as doenças transmissíveis que mais
afetam pobres e miseráveis.
Na política, integra um tripé que
mudou o Acre no fundamental, junto com seu irmão, Jorge Viana, engenheiro florestal que foi governador duas vezes, e Marina Silva, cabocla que concluiu faculdade e é
ministra do Meio Ambiente.
Numa complexa aliança com
procuradores, promotores, jornalistas, policiais, padres e ONGs, eles
conseguiram derrotar o que parecia
"inderrotável": um esquema que tinha um governador com "n" CPFs e
um líder de votos para a Câmara
que, entre otras cositas, serrava os
adversários -vivos! O nosso velho
conhecido Hildebrando Pascoal,
cassado e preso.
Apesar desse perfil, ou justamente por causa dele, Tião Viana é conveniente para quebrar um galho,
não para assumir a presidência para
valer e tentar botar a casa em ordem pós prorrogação da CPMF. Ele
é verde, meio inocente, e a tarefa é
para maduros e nada inocentes.
Como José Sarney, que já foi presidente da República e do próprio
Senado, tem apoio de Lula, é aliado
de Renan, tem comando sobre o
PMDB, é meio suprapartidário e...
quer. Não é de hoje que Sarney faz o
oposto dos meros mortais: quanto
mais some, mais está articulando. E
ele escapuliu para a Argentina.
A cadeira em disputa, porém, tem
ejetado presidentes e ex-presidentes, como ACM, Jader e agora Renan. Sentar ali é correr risco, é entrar na linha de tiro. As investigações sobre Renan acabaram resvalando para seus irmãos e braços direitos, como Almeida Lima e Wellington Salgado, que são só coadjuvantes. O protagonista na política é
Sarney. Ele sabe o que o espera?
elianec@uol.com.br
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