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KENNETH MAXWELL
As outras eleições
Pouco depois que os brasileiros votarem no segundo turno, no dia 31, os eleitores norte-americanos irão às urnas,
em 2 de novembro, para as
eleições de meio de mandato.
A disputa já está muito intensa, e a maioria dos especialistas prevê grandes perdas
para o Partido Democrata. Os
republicanos esperam retomar o controle da Câmara de
Deputados. O equilíbrio do poder no Senado também pode
mudar, ainda que a perda da
maioria democrata naquela
casa seja muito menos certa.
No entanto, uma coisa já está clara. Na eleição deste ano,
toda a energia está com os republicanos. Dada a persistência de um desemprego de
9,5%, a vasta maioria dos norte-americanos está profundamente decepcionada e insatisfeita com as políticas do governo Obama. Muitas das realizações de Obama desde que assumiu, a exemplo da reforma
do setor financeiro, são profundamente impopulares.
Os republicanos adotaram
desde o começo uma atitude
de oposição aberta a todas as
iniciativas de Obama, e essa
negatividade, combinada a
uma recuperação econômica
muito lenta e incerta, devastou as esperanças democratas. Obama demorou demais a
responder aos desafios republicanos, e agora já pode ser
tarde demais para que reverta
a tendência.
O que propele o avanço dos
republicanos é a ira dos conservadores do movimento Tea
Party. A mídia (com exceção
de Rupert Murdoch e sua Fox
News Network) continua propensa a desconsiderar os
adeptos do Tea Party e a tratá-los como um bando de brancos ingratos de classe média.
O Tea Party talvez seja de fato majoritariamente branco,
bem como, em geral, de meia
idade, mas está motivado e determinado a votar no dia 2, ao
contrário dos partidários de
Obama na eleição passada. Os
republicanos, em sua busca
por um "governo menor", deixaram claro que pretendem
repelir a realização legislativa
mais marcante de Obama, que
eles definem como "a tomada
de controle" sobre o setor de
saúde pelo governo.
Será que esse ativismo de
base ajudará os republicanos
no longo prazo? Há certamente nisso um risco para a ala
mais convencional do Partido
Republicano, que pode ser resumido com o velho refrão sobre os perigos de "conseguir
aquilo que se deseja".
Muitos dos candidatos provenientes do Tea Party são decididamente extremos em
seus entusiasmos. Alguns deles se opõem à lei do salário
mínimo, à previdência social,
às leis de direitos civis e a muitas das realizações das últimas
cinco décadas. Há quem preveja uma grande guerra civil
no seio do Partido Republicano caso conquiste uma grande
vitória em novembro.
Não é apenas no Brasil que
a política é quente.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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