São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2010

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KENNETH MAXWELL

As outras eleições

Pouco depois que os brasileiros votarem no segundo turno, no dia 31, os eleitores norte-americanos irão às urnas, em 2 de novembro, para as eleições de meio de mandato.
A disputa já está muito intensa, e a maioria dos especialistas prevê grandes perdas para o Partido Democrata. Os republicanos esperam retomar o controle da Câmara de Deputados. O equilíbrio do poder no Senado também pode mudar, ainda que a perda da maioria democrata naquela casa seja muito menos certa.
No entanto, uma coisa já está clara. Na eleição deste ano, toda a energia está com os republicanos. Dada a persistência de um desemprego de 9,5%, a vasta maioria dos norte-americanos está profundamente decepcionada e insatisfeita com as políticas do governo Obama. Muitas das realizações de Obama desde que assumiu, a exemplo da reforma do setor financeiro, são profundamente impopulares.
Os republicanos adotaram desde o começo uma atitude de oposição aberta a todas as iniciativas de Obama, e essa negatividade, combinada a uma recuperação econômica muito lenta e incerta, devastou as esperanças democratas. Obama demorou demais a responder aos desafios republicanos, e agora já pode ser tarde demais para que reverta a tendência.
O que propele o avanço dos republicanos é a ira dos conservadores do movimento Tea Party. A mídia (com exceção de Rupert Murdoch e sua Fox News Network) continua propensa a desconsiderar os adeptos do Tea Party e a tratá-los como um bando de brancos ingratos de classe média.
O Tea Party talvez seja de fato majoritariamente branco, bem como, em geral, de meia idade, mas está motivado e determinado a votar no dia 2, ao contrário dos partidários de Obama na eleição passada. Os republicanos, em sua busca por um "governo menor", deixaram claro que pretendem repelir a realização legislativa mais marcante de Obama, que eles definem como "a tomada de controle" sobre o setor de saúde pelo governo.
Será que esse ativismo de base ajudará os republicanos no longo prazo? Há certamente nisso um risco para a ala mais convencional do Partido Republicano, que pode ser resumido com o velho refrão sobre os perigos de "conseguir aquilo que se deseja".
Muitos dos candidatos provenientes do Tea Party são decididamente extremos em seus entusiasmos. Alguns deles se opõem à lei do salário mínimo, à previdência social, às leis de direitos civis e a muitas das realizações das últimas cinco décadas. Há quem preveja uma grande guerra civil no seio do Partido Republicano caso conquiste uma grande vitória em novembro.
Não é apenas no Brasil que a política é quente.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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