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CRIME OCULTO
Não é novidade que nem todo
mundo comunica à polícia os
crimes de que é vítima. Para que a segurança pública possa aprimorar-se,
é fundamental estimar o tamanho da
subnotificação e determinar suas
causas. É nisso que reside o interesse
de uma pesquisa do Instituto Futuro
Brasil que deve ser divulgada hoje.
Como antecipou o jornal "Valor",
um de cada cinco habitantes de São
Paulo foi vítima de roubo, furto e/ou
agressão física nos últimos 12 meses,
mas apenas 32% deles registraram
um boletim de ocorrência na polícia.
Como era esperado, as taxas de comunicação variam de acordo com o
crime. Furtos e roubos de veículo
mostram os melhores índices (92%),
enquanto a agressão física registra o
pior (21%). O boletim de ocorrência
é necessário para recuperar o veículo
ou receber a indenização da seguradora. Já a agressão é muitas vezes cometida por conhecidos da vítima,
com os quais ela possivelmente continuará em contato depois que os policiais forem embora.
A principal razão citada para justificar a não-comunicação de crimes é a
falta de confiança na polícia. Registre-se que o problema não está no
atendimento. Das vítimas que procuraram a polícia, 79% receberam um
tratamento igual ou superior ao esperado. O fato que gera a desconfiança é, portanto, anterior.
Uma boa pista está no comportamento truculento da própria polícia.
De acordo com a pesquisa, 22% dos
paulistanos foram abordados por
policiais nos últimos 12 meses. E não
se pode afirmar que o contato tenha
servido para melhorar a imagem da
polícia: 17% foram revistados, 6%
declararam ter sido desrespeitados,
3%, ameaçados e 2% ter sofrido
agressão física ou maus-tratos.
Para que a polícia possa enfrentar
em melhores condições o crime, precisa contar com o respeito da população. Esse é um processo complexo,
que depende de vários fatores. Mas
alguns deles são simples, como tratar as pessoas abordadas com civilidade e sem preconceito.
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