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O PAÍS DA FAVELA
Já seria dramático constatar a
existência de 2,4 milhões de domicílios localizados em favelas no
país. O número supera, por exemplo, o total de residências da segunda
maior cidade brasileira, o Rio de Janeiro. A situação, no entanto, é mais
grave. Segundo resultados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais, divulgada pelo IBGE, com dados de 2001, 23% das prefeituras brasileiras declaram a existência de favelas, mocambos, palafitas ou assemelhados em seus municípios. No entanto apenas 13% possuem cadastros dessas moradias. O total de favelas contabilizadas é de 16.433.
Essa espécie absolutamente precária de habitação concentra-se nas cidades mais populosas. Segundo o
instituto, 70% desses domicílios estão localizados nos 32 maiores municípios do país -aqueles com mais
de 500 mil habitantes. É desnecessário mencionar que nesses casos costuma imperar a ausência de títulos de
propriedade, vigorando uma situação que reúne loteamento irregular e
péssimas condições de infra-estrutura -quando há alguma.
As más notícias não param por aí: a
favelização é um processo crescente.
Em uma década, o aumento de habitações precárias foi de 156%. Trata-se
de um quadro lamentável, contra o
qual o país precisa seriamente agir.
Não bastam obviamente programas
de fachada, com os quais algumas
prefeituras muitas vezes procuram
maquiar a degradação desses aglomerados habitacionais subumanos.
O Brasil está a exigir, e já há tempo,
políticas habitacionais e urbanísticas
que se concentrem na elevação da
qualidade da moradia popular.
Retrato da exasperante desigualdade social do país, a convivência de
bairros de alta renda com grandes favelas em nossos centros urbanos
choca qualquer pessoa que ainda
preserve alguma capacidade de observação e indignação.
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