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CLÓVIS ROSSI
Números que falam
SÃO PAULO - Zander Navarro,
notável acadêmico, hoje na universidade britânica de Sussex, manda
e-mail com o que chama de "ilustração dramática" do "ritmo desenfreado de apropriação da riqueza
nas últimas décadas, o que gerou
aumento na desigualdade".
Alguns números: 1 - A renda dos
1.125 bilionários do planeta (US$
4,4 trilhões) supera a renda somada
de metade da população adulta do
planeta. Se se quiser comparar com
o Brasil, 1.125 bilionários têm uma
renda que é quatro vezes tudo o que
180 milhões de brasileiros produzem de bens e serviços.
2 - Segundo o Instituto para Estudos de Política, os executivos-chefes das 500 maiores corporações dos EUA ganharam em 2007,
em média, US$ 10,5 milhões, 344
vezes o pagamento do trabalhador
norte-americano típico.
Já os gerentes dos 50 fundos de
hedge e de "private equity" receberam cada um US$ 588 milhões,
mais do que 19 mil vezes o salário-tipo do norte-americano.
3 - Em agosto de 2008, a Exxon, a
maior companhia do planeta, registrava lucros recordes à taxa de US$
90 mil POR MINUTO. Os rendimentos do Wal-Mart batiam, em
2007, o produto nacional bruto da
Grécia; os da Toyota superavam o
da Venezuela.
Não pense que o Brasil escapa,
não. Por muito que o governo cultive a lenda da queda da desigualdade, o Ipea acaba de divulgar estudo
mostrando que só em 2011 o rendimento do trabalho voltará a ter a
participação na riqueza nacional
que tinha em 1990 (45,4%).
Mesmo que volte, continuará
atrás do capital, embora o número
de capitalistas seja obviamente
bem inferior ao de assalariados.
No governo Lula, aliás, a queda da
participação do trabalho no bolo da
riqueza nacional acentuou-se até
2004, só começando a se recuperar
a partir de 2005.
Todos esses números dispensam
opinião. Falam sozinhos.
crossi@uol.com.br
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