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FERNANDO RODRIGUES
Teste de estresse
BRASÍLIA - Prever o efeito político-eleitoral do apagão de terça-feira é tão difícil quanto apontar já o
nome do próximo presidente. Ainda demorará até as causas serem
conhecidas. O problema pode persistir ou ser só um caso isolado.
Mas o apagão teve utilidade colateral na área política. Foi um perfeito "stress test" -como os norte-americanos se referem a episódios
provocados para verificar o comportamento de pessoas ou instituições sob grande pressão.
A ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff, apareceu comentando a
falta de luz em tom ríspido e irritadiço. Revelador. Sobretudo para
uma pré-candidata ao Planalto
nunca submetida à tensão de uma
eleição presidencial. Aliás, a nenhum tipo de eleição.
Ao responder sobre o apagão, Dilma Rousseff abandonou o figurino
"Dilminha paz e amor" das semanas anteriores. Parecia uma professora passando uma carraspana em
alunos indisciplinados -no caso, os
repórteres presentes.
Antes de assumir quase publicamente sua candidatura, a ministra
tinha o costume de usar sua abordagem professoral tratando jornalistas por "minha filha" ou "meu filho". Fez então uma inflexão para
"minha querida", sobretudo ao se
referir às repórteres. No aperto do
apagão, o "minha filha" voltou com
tudo nas respostas de Dilma.
É compreensível o nervosismo
do governo. O blecaute atingiu 18
Estados. Cerca de 70 milhões de
brasileiros (muitos deles eleitores)
ficaram sem luz. No comando do
setor energético estão apadrinhados políticos do PMDB sarneysista.
Com sarcasmo, a ministra também perorou sobre o imponderável: "Nós humanos temos um problema imenso. Infelizmente não
controlamos chuva, vento, raio.
Sempre quisemos, mas não conseguimos ainda". É verdade. O governo só consegue controlar e ter poder sobre as indicações políticas
que faz para o setor elétrico.
frodriguesbsb@uol.com.br
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