São Paulo, sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

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Aquém do necessário

O BRASIL não desempenhou até agora o papel que dele se esperava na conferência sobre mudança climática em Bali, Indonésia. O máximo que apresentou foram detalhes e cifras de seu previsível plano para criar um fundo contra o desmatamento, maior fonte das emissões nacionais que contribuem para o aquecimento global.
Pela proposta, o país abrirá em 2008 uma conta para doações voluntárias de governos, empresas e pessoas físicas. O primeiro depósito viria da Noruega, US$ 100 milhões. O governo só poderá captar e usar valores do fundo, para financiar projetos de conservação, na medida das reduções medidas por satélite.
A conta do desmatamento evitado terá por base a média anual da área derrubada em dez anos. De 1996 a 2005, o primeiro período, foram 19.500 km2 anuais. Como em 2006 houve 14.000 km km2 de floresta destruída, a conta poderia receber cerca de US$ 1 bilhão, calcula o governo.
A linha de referência sofrerá revisão a cada qüinqüênio, e não anualmente, para evitar que quedas seguidas, como os 59% de redução nos últimos três anos, limitem depressa o potencial de captação. Por outro lado, se em lugar de diminuição houver aumento da derrubada e ultrapassagem da média, a área excedente será somada à do ano seguinte, como um saldo devedor.
Não há dúvida de que se trata de plano engenhoso, mas com suas limitações. Desvinculado de mecanismos de mercado, como créditos de carbono comercializáveis, o fundo só trará benefícios de imagem para doadores. Não deverá, assim, atrair fortunas. Além disso, tem a desvantagem de não se fixar em meta precisa de contenção do desmate e de consagrar como linha de base uma área desmatada inaceitável, quase um Sergipe por ano.


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