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Aquém do necessário
O BRASIL não desempenhou
até agora o papel que dele
se esperava na conferência sobre mudança climática em
Bali, Indonésia. O máximo que
apresentou foram detalhes e cifras de seu previsível plano para
criar um fundo contra o desmatamento, maior fonte das emissões nacionais que contribuem
para o aquecimento global.
Pela proposta, o país abrirá em
2008 uma conta para doações
voluntárias de governos, empresas e pessoas físicas. O primeiro
depósito viria da Noruega, US$
100 milhões. O governo só poderá captar e usar valores do fundo,
para financiar projetos de conservação, na medida das reduções medidas por satélite.
A conta do desmatamento evitado terá por base a média anual
da área derrubada em dez anos.
De 1996 a 2005, o primeiro período, foram 19.500 km2 anuais.
Como em 2006 houve 14.000
km km2 de floresta destruída, a
conta poderia receber cerca de
US$ 1 bilhão, calcula o governo.
A linha de referência sofrerá
revisão a cada qüinqüênio, e não
anualmente, para evitar que
quedas seguidas, como os 59%
de redução nos últimos três
anos, limitem depressa o potencial de captação. Por outro lado,
se em lugar de diminuição houver aumento da derrubada e ultrapassagem da média, a área excedente será somada à do ano seguinte, como um saldo devedor.
Não há dúvida de que se trata
de plano engenhoso, mas com
suas limitações. Desvinculado de
mecanismos de mercado, como
créditos de carbono comercializáveis, o fundo só trará benefícios de imagem para doadores.
Não deverá, assim, atrair fortunas. Além disso, tem a desvantagem de não se fixar em meta precisa de contenção do desmate e
de consagrar como linha de base
uma área desmatada inaceitável,
quase um Sergipe por ano.
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