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ELIANE CANTANHÊDE
Marola no PT, correnteza no PSDB
BRASÍLIA - Com redução do IR,
manutenção dos juros, votação da
Raposa/Serra do Sol, relatório do
Gol-Legacy e os avanços da crise,
passou praticamente despercebido
o mais relevante movimento político depois das eleições municipais:
Aécio Neves se lançou à Presidência. Como ninguém leva sua candidatura a sério, avisou ao presidente
do PSDB, Sérgio Guerra, que não
está de brincadeira.
A história tucana se repete. Em
2002, José Serra era o candidato
óbvio, mas Tasso Jereissatti ficou
na sua cola e ele chegou à campanha
enfraquecido, sem dinheiro, estrutura e palanques. Em 2006, Geraldo
Alckmin assumiu as vezes de Tasso
e não lhe deu sossego até levar a indicação -e perder.
Agora Serra tem o governo de São
Paulo, um resultado triunfante na
eleição municipal, a aliança com o
DEM e lidera o Datafolha com taxas
entre 36% e 47%. Mas... lá vem Aécio no rastro de Tasso e Alckmin,
com apoio sutil de Ciro Gomes e a
bandeira "contra São Paulo".
Aécio é governador de Minas,
tem alta popularidade, vontade e
direito de concorrer. O confronto,
porém, tende a não o fortalecer a
ponto de lhe garantir a sigla, mas
pode enfraquecer Serra o suficiente
para juntos perderem a eleição.
Aécio vai para o ataque, Serra fica
na retranca: "Se o nome for o do Aécio, terei a maior satisfação de trabalhar para ele", declarou há dias.
Sim, porque Aécio precisa do confronto para se impor, e Serra precisa de unidade para ganhar.
Já Lula, que é, ou deveria ser, o
adversário real de Serra, acertou
com ele a bolada das montadoras e a
venda da Nossa Caixa para o BB. Ou
é grandeza política, ou é cálculo:
Lula escolheu o adversário e por isso ceva Serra. Ou as duas coisas.
Dilma Rousseff nadará contra a
"marola", mas com o PAC, o Bolsa
Família e a unidade do PT a favor.
Enquanto Serra nadará mais uma
vez contra a correnteza tucana. Lula já viu essa competição antes. Sabe muito bem como termina.
elianec@uol.com.br
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