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CARLOS HEITOR CONY
Planeta selvagem
RIO DE JANEIRO - Uma pergunta que já foi feita e até agora não teve resposta que explicasse o mundo: é o homem que faz a história ou
é a história que faz o homem? No
dia-a-dia miúdo das coisas, tem-se a
impressão de que os homens, em
determinadas circunstâncias, conduzem o complicado samba-enredo
da humanidade, freqüentemente
atravessado, ora pela bateria, ora
pelos puxadores do canto.
Os entendidos costumam atribuir os grandes lances da história a
personalidades fortes que, de alguma forma, mudaram, não necessariamente para melhor, os destinos
da humanidade. Os filósofos gregos,
os generais da Antigüidade (Alexandre, Aníbal, César), os líderes
religiosos (Moisés, Cristo, Maomé,
Lutero), os grandes pensadores
(Sócrates, Pascal, Montesquieu,
Marx) ou até mesmo os grandes artistas (Homero, Dante, Voltaire,
Shakespeare).
Tudo bem, ao longo do tempo são
escritos milhares de ensaios e teses
puxando a sardinha para cada lado
do pensamento. A história seria a
conseqüência dos grandes homens,
que em geral são considerados os
"construtores do mundo". Existe
consenso em certos nomes, controvérsia em outros, mas a idéia central é a de que o homem e seu plural
(os homens) são os autores da
história.
Há uma série de documentários
na televisão que é dedicada ao "Planeta Selvagem". Os dinossauros
não foram exterminados pela ação
do homem nem de qualquer governo. As condições ambientais determinaram o aparecimento de outras
espécies, inclusive a espécie humana, objeto, e não sujeito, do universo em que vive.
Pulando da pré-história para os
tempos atuais, bastam um terremoto, uma inundação, um furacão
substancial -e tudo isso, junto ou
separadamente, nos transforma em
dinossauros potenciais, esperando
a hora definitiva da extinção.
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