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O RISCO INTERNO
Das escaramuças políticas
recentes, resta ao menos uma
certeza: a luta sucessória está aberta.
O gesto ostensivo do presidente Fernando Henrique Cardoso na tentativa de adiá-la, reunindo caciques tucanos para selar uma espécie de pacto de não-agressão, é sintoma disso.
FHC tem sabido sobreviver a golpes vindos de várias direções. Tem
exercitado ao máximo suas habilidades conciliadoras. Exemplo notório
foi o rompimento com o senador
baiano Antonio Carlos Magalhães
para logo depois nomear um ministro do círculo de amizades de ACM.
Porém a disposição para compor
não tem sido bastante para acomodar aliados. Impressiona, por exemplo, que tenha sido tão breve a presença no cenário político da chamada "agenda" do governo para o período final de mandato. Seu anúncio
foi logo tragado pela guerrilha de denúncias e ameaças entre facções que
orbitam em torno do Planalto.
Nesse jogo, até o presidente do Senado, Jader Barbalho, reafirmou que
o seu PMDB também deve ter candidato próprio. E que a discussão sobre a candidatura peemedebista deveria iniciar-se logo. Isso sem falar
da "ameaça" de Jader de endossar
CPIs incômodas ao Executivo.
Presente em muitas ações recentes
das três legendas governistas, a tática
é ameaçar sem romper, colocar pressão, mas manter-se perto do calor do
poder. A prioridade é posicionar-se o
melhor possível, e o quanto antes,
para o processo sucessório.
A situação não chega ao ponto de
ameaçar a condição de o presidente
exercer um papel relevante na sucessão, mas aumentam os riscos de que
esse poder de FHC sofra erosão. Até
o ministro Pedro Malan chegou a declarar que talvez fosse melhor antecipar o debate sucessório para tentar
conter a volatilidade nos mercados
gerada por essa indefinição.
A deterioração do cenário internacional (que seguiu ontem com mais
um dia de queda nas Bolsas dos
EUA) contribui para aumentar a tensão no "front" interno. Se um ambiente politicamente definido e estável já pode muito pouco para conter
os efeitos danosos de uma crise global, que dirá o contrário?
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