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CLÓVIS ROSSI
Foi bom para você também?
LONDRES - Leio na capa da Folha de ontem que, para o Exército, foi "muito bom" o resultado da ação no Rio,
segundo o chefe do Estado-Maior do
Comando Militar do Leste, general
Hélio Chagas de Macedo Júnior.
Imaginei que as armas roubadas tivessem sido recuperadas, bem como
presos os autores do roubo.
Leio mais e vejo que não, não recuperaram arma nenhuma, a não ser
ontem, bem depois do "muito bom".
E depois que 13 pessoas morreram,
"após resistir a ação policial" (no
tempo do regime militar, muita gente
também "resistiu" e foi morta. Detalhes mais verazes estão nos livros de
Elio Gaspari).
O general diz também que "tanto a
aceitabilidade quanto [a queda] dos
índices de criminalidade, de roubo de
carros mostram" que o resultado foi
"muito bom".
Quer dizer, então, que fazer o papel
da polícia, o que está fora da alçada
do Exército, é "muito bom"? Que tenha havido "aceitabilidade", entende-se: a população anda tão farta da
falta de segurança pública, sai governo, entra governo, que qualquer coisa que diminua a insegurança ganha
aplausos. Daí a um general (ou qualquer funcionário, civil ou militar)
elogiar resultados de algo que está fora das regras do jogo está longe de ser
"muito bom".
Enquanto isso, a CPI dos Correios
verificava que, no fim de semana, sumiram os dados que permitiriam supostamente conhecer o nome de novos parlamentares do esquema do
"mensalão". Resultado "muito bom",
deve ter pensado a grande maioria
da Câmara.
Assim, ficam os deputados dispensados de preparar mais pizzas, porque o trambique é feito previamente.
Sumiram também dois livros com
informações financeiras da Lightpar,
subsidiária da Eletrobrás e acusada
de ser um "cabide de empregos", curiosamente dias depois de Fernando
Canzian, nesta Folha, ter publicado
as acusações.
"Muito bom", devem ter pensado os
suspeitos. E você?
@ - crossi@uol.com.br
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