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FERNANDO RODRIGUES
O PSDB partido
BRASÍLIA - A cúpula do PSDB decidiu ontem que o governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin, será o candidato tucano a presidente -em detrimento do outro postulante, o prefeito paulistano, José Serra.
Foi uma cena melancólica no final
da tarde. Os tucanos vivem a exaltar
sua suposta alta noção republicana,
mas apareceram rachados em público. José Serra não estava lá para a
inexorável foto de todos dando as
mãos e erguendo os braços.
O discurso da unidade é quase patético. Ninguém se entende no PSDB.
O presidente da sigla, Tasso Jereissati,
manda quase nada. Omisso durante
meses, acordou há poucas semanas
para descobrir que perdera completamente as rédeas do processo.
FHC quase teve um chilique quando soube da decisão de anteontem de
José Serra, que optou por não aceitar
prévias. O governador mineiro, Aécio
Neves, só pensa nele e em sua própria
candidatura ao Planalto em 2010.
Alckmin sai com o apoio que conquistou na burocracia partidária. A
tática é antiga, mas eficaz. Até Maluf
conseguiu tal façanha dentro da Arena, nos anos 70, em plena ditadura
militar (a Arena logo depois acabou).
Quércia operou da mesma forma no
PMDB dos anos 80 (e o PMDB é o nada que se vê por aí).
O tucano pode deslanchar, ganhar
a Presidência. Mas o PSDB será então o "partido do Alckmin", de um
dono. A não ser que seja tomado pelos militantes e estabeleça vínculos
reais com os eleitores, tende a se tornar só uma confederação de interesses regionais, como tantas outras.
Os tucanos nasceram no final dos
anos 80, de uma costela destacada do
PMDB. Queriam ser uma opção ao
caciquismo e governismo atávico dos
dirigentes peemedebistas.
Hoje, quase 20 anos depois, pensam
que são sociais-democratas, agem
muitas vezes como se fossem modernos, mas não sabem como estão cada
vez mais parecidos com o PMDB.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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