São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007

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O PSDB e a educação

O legado de três governos estaduais é um desastre, prova de que a prioridade tucana para o ensino não gerou projeto coerente

O ESTADO de São Paulo é governado desde 1995 pelo PSDB, partido que preza apresentar-se como arauto da eficiência na administração pública. Seus líderes também se destacam como defensores de uma modernização da educação, requisito da inserção no mercado global. Apesar do discurso, sob gestão tucana a qualidade do ensino na rede estadual piorou de modo acentuado.
Os números estão à vista no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que examina a cada dois anos, nacionalmente, os alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e os da 3ª série do ensino médio. Seja em língua portuguesa, seja em matemática, o desempenho da rede oficial paulista decaiu mais rapidamente que no restante do país.
A média nacional em matemática caiu de 253 para 240 pontos (em 500 possíveis), de 1995 a 2005, na 8ª série de todas as redes (estaduais, municipais e privadas). Nas escolas estaduais de São Paulo, estava um pouco acima (255) dessa média em 1995, mas ficou aquém (230) em 2005.
Paulo Renato Souza, ex-ministro da Educação no governo FHC, acompanha a sabedoria convencional ao apontar a acelerada inclusão de alunos como fulcro da queda na qualidade. Com efeito, ter 97% das crianças matriculadas no ensino fundamental é conquista cujo preço se paga em piora no desempenho.
Para o ex-ministro, contudo, isso explica somente a queda de qualidade até 1999. Daí por diante teria havido "descontinuidades" entre as gestões de Mário Covas e Geraldo Alckmin. Ambos do PSDB, partido de Paulo Renato e José Serra.
A secretária da Educação de Serra, Maria Lucia Vasconcelos, reagiu à divulgação dos dados vergonhosos anunciando a redução de quatro para dois anos na duração dos ciclos no ensino fundamental. Chancelou, desse modo, outra explicação parcial, a progressão continuada.
Rose Neubauer, secretária na gestão Covas, acusou seu sucessor Gabriel Chalita de desmontar programas cruciais para a progressão continuada funcionar. Chalita retorquiu dizendo que a introdução dos ciclos foi mal administrada por Neubauer e culpou até a falta de envolvimento das famílias na educação.
Talvez todos esses próceres do PSDB tenham um pouco de razão em seus diagnósticos. Não resta dúvida, porém, de que sua obra conjunta se resume a um retumbante fracasso. Cabe agora ao partido e ao governador José Serra explicar como pretendem consertar tamanho estrago.


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