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Conta complicada
Na rede pública paulista, alunos chegam ao 3º ano do ensino médio sem saber realizar cálculos simples de matemática
AS PERGUNTAS eram bem
simples, até para uma
criança de 10 anos.
Leia-se um exemplo:
"A médica explicou que o paciente deveria tomar 1 comprimido
do mesmo medicamento a cada
seis horas. Quantos comprimidos desse medicamento o paciente deve tomar por dia?"
Poucos alunos de 4ª série serão
capazes de resolver problemas
assim se estiverem matriculados
na rede estadual. Segundo os dados agora divulgados pela Secretaria da Educação, 80,8% dos estudantes da rede pública nessa
faixa apresentavam, em 2007,
níveis de aprendizagem abaixo
do adequado.
No terceiro ano do ensino médio, 95,7% não atingem os padrões de desempenho previstos.
Dificuldades com subtração e
porcentagem se verificaram em
71% dos alunos que concluíam o
colegial na escola pública.
São esses alguns dos resultados do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do
Estado de São Paulo).
Dentro desse quadro alarmante, é pelo menos positivo que finalmente, em 2007, o governo
estadual tenha adequado seus
métodos de aferição escolar (vigentes desde 1996), tornando-os
comparáveis aos aplicados na esfera federal.
A despeito das possíveis vantagens de uma grande continuidade administrativa (a hegemonia
tucana no poder estadual se prolonga desde 1995), e a despeito
do nível de desenvolvimento
econômico atingido pelo Estado,
o desempenho do ensino paulista se mostra tão indigente quanto a média nacional.
Em matemática, a pontuação
média obtida no ano passado pelas escolas estaduais foi de 231,5
na 8ª série, levemente abaixo da
pontuação federal (232,9) em
2005. Considera-se "adequado"
o nível mínimo de 300 pontos.
No último ano do ensino médio, no qual se espera uma pontuação acima de 350, a rede paulista contabilizou 263,7 pontos
em 2007, contra 260 da média
nacional em 2005.
A diferença reduz-se, portanto,
a minúcias percentuais, do tipo
daquelas que um aluno de rede
pública, depois de 11 anos na escola, teria sérias dificuldades para calcular.
Progressos na qualidade educacional, como se sabe, são lentos e exigem grande empenho na
qualificação dos professores, assim como no combate, que mal
se inicia, ao absenteísmo endêmico na categoria e aos fatores
de desestímulo que o originam.
Mínimas melhoras no ensino
de português foram registradas
pelo Saresp em comparação com
2005. Em matemática, a calamidade persiste.
A secretária estadual de Educação, Maria Helena Guimarães
Castro, não sabe dizer quanto
dos R$ 2 bilhões investidos na
capacitação de professores foram destinados à área de exatas.
"Essa conta eu vou ter de fazer
imediatamente", declarou à reportagem. Só se pode esperar
que não tenha dificuldades em
chegar a um pronto resultado.
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