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Regulação financeira
DIANTE DO agravamento da
crise de crédito nos EUA,
o Fed (banco central americano), por meio do JP Morgan
Chase, decidiu emprestar recursos para o banco de investimento
Bear Stearns. Mergulhado em
operações imobiliárias de alto
risco, alvo de rumores que colocavam em dúvida sua capacidade
de honrar compromissos, este
banco entrou em insolvência.
O volume do empréstimo de
urgência, a juros irrisórios, dependerá dos ativos que o banco
de investimento puder ceder como garantia. Trata-se de uma
operação raríssima, que não
ocorria desde a Grande Depressão dos anos 1930. Formalmente, o Fed pode operar diretamente apenas com bancos comerciais, que aceitam depósitos do
público. Por isso a intermediação do JP Morgan Chase.
Essa foi a terceira ação emergencial de grande porte deslanchada pelo Fed em uma semana.
Os impactos da crise assumem
proporções inéditas. Fica cada
vez mais patente a negligência
das autoridades na supervisão
bancária. O próprio presidente
do Fed, Ben Bernanke, admitiu:
"Grande parte dos empréstimos
nos últimos anos não foram nem
responsáveis nem prudentes".
Instituições financeiras presentes em reunião do IIF (Instituto de Finanças Internacionais)
no Rio de Janeiro, na semana
passada, externaram preocupação com uma onda de mais regulação dos serviços financeiros.
Algumas reconheceram a necessidade de aperfeiçoamento, mas
coordenada pelos bancos -uma
espécie de auto-regulação.
A crise das hipotecas mostra,
contudo, que os controles internos ao mercado financeiro são
insuficientes para evitar colapsos. Agências de classificação de
risco, que deveriam zelar pela
auto-regulação, contribuíram
para o aprofundamento da farra
dos empréstimos irresponsáveis.
Quando está em jogo um sistema
cujas "imperfeições" geram prejuízos multibilionários aos erários, a solução passa por mais regulação pública.
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