São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

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Regulação financeira

DIANTE DO agravamento da crise de crédito nos EUA, o Fed (banco central americano), por meio do JP Morgan Chase, decidiu emprestar recursos para o banco de investimento Bear Stearns. Mergulhado em operações imobiliárias de alto risco, alvo de rumores que colocavam em dúvida sua capacidade de honrar compromissos, este banco entrou em insolvência.
O volume do empréstimo de urgência, a juros irrisórios, dependerá dos ativos que o banco de investimento puder ceder como garantia. Trata-se de uma operação raríssima, que não ocorria desde a Grande Depressão dos anos 1930. Formalmente, o Fed pode operar diretamente apenas com bancos comerciais, que aceitam depósitos do público. Por isso a intermediação do JP Morgan Chase.
Essa foi a terceira ação emergencial de grande porte deslanchada pelo Fed em uma semana. Os impactos da crise assumem proporções inéditas. Fica cada vez mais patente a negligência das autoridades na supervisão bancária. O próprio presidente do Fed, Ben Bernanke, admitiu: "Grande parte dos empréstimos nos últimos anos não foram nem responsáveis nem prudentes".
Instituições financeiras presentes em reunião do IIF (Instituto de Finanças Internacionais) no Rio de Janeiro, na semana passada, externaram preocupação com uma onda de mais regulação dos serviços financeiros. Algumas reconheceram a necessidade de aperfeiçoamento, mas coordenada pelos bancos -uma espécie de auto-regulação.
A crise das hipotecas mostra, contudo, que os controles internos ao mercado financeiro são insuficientes para evitar colapsos. Agências de classificação de risco, que deveriam zelar pela auto-regulação, contribuíram para o aprofundamento da farra dos empréstimos irresponsáveis. Quando está em jogo um sistema cujas "imperfeições" geram prejuízos multibilionários aos erários, a solução passa por mais regulação pública.


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