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CLÓVIS ROSSI
O celular envenenado
MIAMI - Espertinho esse Barack
Obama. Introduziu no pacote de
bondades para Cuba um dardo envenenado na forma de celulares e
computadores.
Explico para quem não acompanhou: na segunda-feira, o governo
Obama eliminou as restrições para
viagens de cubano-americanos a
Cuba, assim como os limites para
remessa de dinheiro para a ilha. Até
aí, é o que todo o mundo sabia que
iria acontecer.
Mas a suavização veio acompanhada da liberação para que as
companhias norte-americanas de
telecomunicações possam entrar
no mercado cubano e, em conjunto
com as autoridades locais, trabalhar para ampliar a rede de cobertura de celulares. Mais: os cubano-americanos poderão pagar as contas telefônicas de seus parentes residentes na ilha e também enviar-lhes celulares e computadores.
Qual é a esperteza? Simples: informação é poder. Quem tem o controle total da informação, como
ocorre em países totalitários como
Cuba, tem mais facilidade para controlar o poder e prolongar o controle por mais tempo.
Hoje, no entanto, celular também é informação -e a cada dia se
torna ainda mais com o avanço espetacular das comunicações por esse aparelhinho que alguns já chamam de "extensão da mão".
É claro que o governo cubano poderá vetar a entrada das companhias e bens norte-americanos e,
por extensão, a ampliação da rede.
Mas é difícil justificar que se negue
a uma sociedade os benefícios da
modernidade.
Se, e quando, o pacote Obama para Cuba for plenamente implementado, o cubano médio receberá uma
dose cavalar de informação, parte
dela de viva voz pelo previsível aumento de visitantes vindos dos Estados Unidos (hoje são 130 mil por
ano), parte via celulares/computadores/internet.
Não vai ser nada fácil segurar o
arcaísmo do regime.
crossi@uol.com.br
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