São Paulo, quarta-feira, 15 de abril de 2009

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PAINEL DO LEITOR

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Hospitais psiquiátricos
"A sobriedade de Ferreira Gullar em sua coluna é rara nos jornais ("Uma lei errada", Ilustrada, 12/4).
Os hospitais-dia e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) têm sua função e devem atender a pacientes psiquiátricos cuja patologia permita parte da jornada em suas próprias casas, contudo o fechamento indiscriminado de leitos psiquiátricos na rede pública impede a abordagem de pacientes nos quais a ação médica deve ser incisiva.
A internação prolongada é prescindível com as medicações de que dispomos atualmente. A classe média merece refletir sobre a questão psiquiátrica sem vieses políticos e de classe."
LUÍS FERNANDO DE ARAÚJO, psiquiatra (São Paulo, SP)

"Como pai, a dor expressada por Ferreira Gullar merece todo o respeito. Mas, como pessoa pública, ele faz exatamente aquilo que crítica em seu artigo: adere sem refletir e examinar detidamente o problema que apresenta.
Sua opinião carece de fundamentos científico e empírico sobre as formas de atenção a pessoas com sofrimento mental e sobre as políticas públicas nessa área. O autor desconhece a história dos movimentos pela extinção dos manicômios e pela reforma psiquiátrica brasileira, que defendem a internação, quando necessária, em serviços preocupados com reabilitação (hospitais gerais, entre outros), ao contrário das instituições asilares, que cronificam sofrimentos e intensificam a segregação.
Os problemas que vimos enfrentando, como ele menciona, e que tanto nos afligem são efeitos de um conjunto muito mais complexo de fatores do que de uma lei que nem sequer foi aprovada na íntegra."
IANNI REGIA SCARCELLI, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, membro da Associação Brasileira de Saúde Mental -Abrasme (São Paulo, SP)

"O artigo de Ferreira Gullar equivoca-se ao qualificar de "errada" a lei 10.216/01, marco da reforma psiquiátrica no Brasil. Ao contrário de equivocar-se, a lei acerta em cheio ao introduzir um novo olhar sobre a loucura. Um olhar humanizado, que concebe o sujeito portador de sofrimento mental não mais como mero objeto de tutela, mas como sujeito de direitos. É o conceito de cidadania introduzido à loucura.
Diferentemente do que foi dito, a lei não acaba com as internações psiquiátricas, mas as regulamenta.
Em vez de ser tida como a principal alternativa terapêutica, a internação psiquiátrica passa a ser o derradeiro recurso, usado quando outras terapias ambulatoriais se mostrarem ineficazes.
Ao repudiar as instituições totais como o principal tratamento da loucura, a lei agrega à sociedade o portador de sofrimento mental, possibilitando o exercício das diferenças na vida social, justamente o que se espera de um Estado democrático de Direito."
MARIA FERNANDA DOS SANTOS ELIAS MAGLIO, defensora pública (São Paulo, SP)

"Expresso aqui minha concordância em relação ao artigo de Ferreira Gullar. Sou pai de um jovem de 21 anos que vem de um surto psicótico, diagnosticado como esquizofrenia, e, por total incapacidade de controle e de ação, me vi obrigado a interná-lo. Não o fiz por recreação nem para me livrar do "problema". Não foi essa minha intensão.
Queria tão-somente tratá-lo -e, por que não dizer?, me tratar, pois desconhecia até aquele momento o que era.
Se a estrutura pública inexiste -bem o sei, ainda que tenha tido num primeiro momento o atendimento do Samu e do Pinel-, como disse Gullar, a ausência de serviços públicos dignos para atender uma população estimada em 800 mil
pessoas merece ser considerada pelo poder público, e não ser objeto da ganância e da especulação de "clínicas para tratamento de louco"."
LUIZ ANTÔNIO DE SOUZA (Rio de Janeiro, RJ)

"Perfeito o texto de Gullar. Mostra conhecimento de causa. Já o admirava como poeta e admiro-o por sua lucidez. Sou psiquiatra de hospital público e, de dentro do "problema", me senti representada por ele. Vivemos um tempo em que o "sucesso" do tratamento é auferido pela brevidade da permanência do paciente no hospital, e não pela eficácia duradoura dos resultados."
MARGARETH RAHMÉ, psiquiatra (São Paulo, SP)

Doações
"Em relação ao texto "Setor imobiliário de SP dribla a lei para ocultar doadores" (Brasil, ontem), o Secovi-SP esclarece que atua desde 1946 como representante do setor imobiliário, na defesa dos interesses da sociedade e das famílias brasileiras que merecem um teto digno, sempre pautado na legalidade e na formalidade de seus atos, cumprindo rigorosamente a lei que veta doações eleitorais por sindicatos."
JOÃO CRESTANA, presidente (São Paulo, SP)

Justiça
"Na coluna "Tendências/Debates" de ontem, o desembargador Henrique Nelson Calandra gasta tinta e papel para uma análise do nosso Judiciário. A realidade é que a "justiça", como demais segmentos de nossa administração pública, está entregue ao corporativismo e ao empreguismo. Ou seja, quanto mais confuso e lento, melhor, pois somente assim a coisa "funciona" para os interesses dos apaziguados que mamam nas tetas dessa vaca profana.
O resultado e a verdade estão aí: uma nação dilacerada pela violência, a afrontosa concentração econômica e o ensino na lama."
FERNANDO DINI NETO (Sorocaba, SP)

Educação
"O PSDB está governando o Estado de São Paulo há quase 15 anos e o senhor Paulo Renato, ao assumir a Secretaria da Educação, tem a cara-de-pau de dizer que "os resultados estão melhorando.
O problema é que muitas vezes se esperam grandes mudanças em pouco tempo" ("Nenhuma escola de ensino médio atinge meta em SP", Cotidiano, ontem). Quanto tempo mais teremos que aguardar por uma efetiva melhoria do ensino? A eternidade?"
WALDIR ARNALDO MARTINS (São Bernardo do Campo, SP)

Travestis
"Arrisco-me a discordar do doutor Drauzio Varella ("Homens que são mulheres", Ilustrada, 11/4), sabendo que logo serei chamado de preconceituoso. As propostas do doutor são totalmente fora da realidade da saúde pública brasileira.
Será que é possível disponibilizar endocrinologistas e postos médicos especiais para atender travestis que resolveram, só para ficarem mais "parecidos" com mulher, se entupir de hormônios e se encherem de silicone industrial?
A resposta é "não", pois, se o governo não consegue dar atendimento digno a homens, mulheres, crianças e idosos que procuram hospitais públicos para tratar de doenças que vão de dengue a câncer, como poderia desviar recursos para atender travestis? Isso não é ser preconceituoso, é ser realista."
JOSUÉ LUIZ HENTZ (São João da Boa Vista, SP)

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