São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

Próximo Texto | Índice

O GOVERNO EM QUESTÃO

Luiz Inácio Lula da Silva nunca esteve numa situação tão favorável na atual disputa sucessória quanto agora, segundo o Datafolha. O isolamento do petista em primeiro lugar, superando os 40% das intenções de voto, contrasta com a indefinição do segundo lugar. Neste momento, está em questão se o eleitorado dará ou não uma chance ao governo de disputar o segundo turno.
A queda de cinco pontos percentuais na preferência por José Serra (PSDB) deixou-o em situação de empate técnico com Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS).
O ambiente financeiro está particularmente suscetível aos resultados das pesquisas eleitorais. Lula tem 43% da preferência do eleitorado, enquanto as intenções de voto em seus adversários somam 48%. Pela segunda vez consecutiva o petista cresceu na pesquisa. Mas isso não quer dizer que Lula vencerá as eleições no primeiro turno. Ainda é muito cedo para esse tipo de prognóstico.
As candidaturas nem sequer foram oficializadas pelos partidos. A divisão do tempo para propaganda gratuita no rádio e na TV, elemento fundamental para as estratégias eleitorais, ainda está indefinida. Nesse jogo, há uma série de variáveis que podem pesar na correlação de forças entre o governismo e a oposição.
A exposição recente de Lula em horário nobre de TV, num programa tecnicamente bem-feito, provavelmente terá favorecido seu desempenho na pesquisa. Serra também ocupou parte do tempo tucano na mídia. Mas esteve às voltas com denúncias contra seu ex-coletor de fundos eleitorais Ricardo Sérgio de Oliveira.
No início de maio de 1994, Lula disparava na pesquisa Datafolha, chegando aos 42% das intenções de voto. Fernando Henrique Cardoso detinha apenas 16% de apoio. O Plano Real e a tessitura de uma ampla e sólida aliança de centro-direita inverteram o jogo em favor de FHC, que venceu no primeiro turno.
No horizonte do governismo não há catalisador de votos que possa assemelhar-se ao que foi o Real para FHC. As condições para refundar aliança de forças políticas tão ampla como a que elegeu FHC tampouco parecem repetir-se. Ainda assim, a cinco meses do pleito, o ambiente eleitoral continua bastante suscetível a mudanças de curso.



Próximo Texto: Editoriais: A META DOS JUROS
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.