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A META DOS JUROS
O mercado financeiro viveu
ontem um dia de tranquilidade: a cotação dos títulos da dívida externa subiu e o risco-país e o dólar fecharam em baixa. Mas hoje esses
movimentos podem se inverter, a depender da reação à pesquisa Datafolha sobre a corrida sucessória.
Será de particular interesse observar a reação do mercado futuro de juros. Suas cotações vinham refletindo
a avaliação de que o Banco Central
reduzirá a taxa de juros, ainda que
apenas em 0,25 ponto percentual,
em sua próxima reunião, no dia 22.
Essa expectativa predominava apesar de alguns analistas julgarem que
cortar os juros seria incoerente com a
meta do BC de limitar a inflação do
ano a 5,5% -sobretudo agora que o
dólar subiu, prenunciando pressões
sobre a inflação mais à frente.
No presente, porém, a inflação vem
recuando. O BC poderá amparar-se
nisso para justificar a eventual decisão de reduzir os juros. Mas a perda
de fôlego da inflação é episódica: reduzir os juros poderá aumentar, efetivamente, o risco de descumprimento da meta.
Isso não significa que uma redução
dos juros deva ser condenada. Isso
porque continuam a proliferar sinais
de que a atividade econômica está débil. O IBGE apurou que as vendas do
varejo no primeiro trimestre foram
0,8% menores do que em igual período de 2001; a Associação Comercial de São Paulo constatou vendas
fracas no Dia das Mães; e a Confederação Nacional da Indústria registrou diminuição da confiança dos industriais no primeiro trimestre.
Se desejar demonstrar forte apego
à meta de inflação, o BC não reduzirá
os juros básicos em maio. Se desejar
dar alento à economia, optará por
um corte, ainda que modesto. Caso
prepondere essa segunda opção, é
difícil imaginar que alguma das forças políticas que disputam o poder se
levante para condenar sua atitude.
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