São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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A META DOS JUROS

O mercado financeiro viveu ontem um dia de tranquilidade: a cotação dos títulos da dívida externa subiu e o risco-país e o dólar fecharam em baixa. Mas hoje esses movimentos podem se inverter, a depender da reação à pesquisa Datafolha sobre a corrida sucessória.
Será de particular interesse observar a reação do mercado futuro de juros. Suas cotações vinham refletindo a avaliação de que o Banco Central reduzirá a taxa de juros, ainda que apenas em 0,25 ponto percentual, em sua próxima reunião, no dia 22.
Essa expectativa predominava apesar de alguns analistas julgarem que cortar os juros seria incoerente com a meta do BC de limitar a inflação do ano a 5,5% -sobretudo agora que o dólar subiu, prenunciando pressões sobre a inflação mais à frente.
No presente, porém, a inflação vem recuando. O BC poderá amparar-se nisso para justificar a eventual decisão de reduzir os juros. Mas a perda de fôlego da inflação é episódica: reduzir os juros poderá aumentar, efetivamente, o risco de descumprimento da meta.
Isso não significa que uma redução dos juros deva ser condenada. Isso porque continuam a proliferar sinais de que a atividade econômica está débil. O IBGE apurou que as vendas do varejo no primeiro trimestre foram 0,8% menores do que em igual período de 2001; a Associação Comercial de São Paulo constatou vendas fracas no Dia das Mães; e a Confederação Nacional da Indústria registrou diminuição da confiança dos industriais no primeiro trimestre.
Se desejar demonstrar forte apego à meta de inflação, o BC não reduzirá os juros básicos em maio. Se desejar dar alento à economia, optará por um corte, ainda que modesto. Caso prepondere essa segunda opção, é difícil imaginar que alguma das forças políticas que disputam o poder se levante para condenar sua atitude.


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