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CLÓVIS ROSSI
FHC acha, mas não faz
SÃO PAULO - O ministro José Serra, da Saúde, empenhado em proibir a
propaganda de cigarros, bem que poderia colocar o seguinte cartaz em todas as dependências dos Palácios do
Planalto e da Alvorada: "O poder faz
mal à rapidez de raciocínio".
Só assim se pode entender como o
presidente Fernando Henrique Cardoso levou tantos anos para descobrir a pólvora. A propósito do sequestro do ônibus no Rio de Janeiro, encerrado com dois mortos, o presidente saiu-se com a seguinte pérola:
"Acho que o país não aguenta mais".
Meu Deus do céu, presidente, faz
um pá de tempo que o país não
aguenta mais e só agora o senhor se
deu conta?
Vou refrescar sua memória com o
"Capítulo 3.5 - Segurança" de seu livreto de campanha eleitoral "Mãos à
Obra", editado em 1994. Está lá: "A
inquietação com a falta de segurança
no Brasil, hoje, reflete e agrava o descrédito nas instituições públicas. A
violência já mata mais do que qualquer doença na periferia das grandes
cidades".
Mais adiante: "Os esforços das autoridades estaduais e federais para
proteger o cidadão, mesmo quando
consideráveis, mostram-se insuficientes. O governo frustra a expectativa da população".
Por fim, diz o folheto que "o controle da criminalidade, em todas as suas
formas, e a aplicação rigorosa da lei
serão metas fundamentais do governo Fernando Henrique".
Ou seja, há seis anos o país já não
aguentava mais, conforme se deduz
da análise do candidato Fernando
Henrique Cardoso. Seis anos depois,
o diagnóstico continua valendo, a
julgar pelas declarações do mesmo cidadão, agora presidente da República em seu segundo mandato.
Que tal parar de ficar fazendo diagnósticos e de produzir "achismos" e
começar a governar efetivamente?
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