São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2000


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CLÓVIS ROSSI

FHC acha, mas não faz

SÃO PAULO - O ministro José Serra, da Saúde, empenhado em proibir a propaganda de cigarros, bem que poderia colocar o seguinte cartaz em todas as dependências dos Palácios do Planalto e da Alvorada: "O poder faz mal à rapidez de raciocínio".
Só assim se pode entender como o presidente Fernando Henrique Cardoso levou tantos anos para descobrir a pólvora. A propósito do sequestro do ônibus no Rio de Janeiro, encerrado com dois mortos, o presidente saiu-se com a seguinte pérola: "Acho que o país não aguenta mais".
Meu Deus do céu, presidente, faz um pá de tempo que o país não aguenta mais e só agora o senhor se deu conta?
Vou refrescar sua memória com o "Capítulo 3.5 - Segurança" de seu livreto de campanha eleitoral "Mãos à Obra", editado em 1994. Está lá: "A inquietação com a falta de segurança no Brasil, hoje, reflete e agrava o descrédito nas instituições públicas. A violência já mata mais do que qualquer doença na periferia das grandes cidades".
Mais adiante: "Os esforços das autoridades estaduais e federais para proteger o cidadão, mesmo quando consideráveis, mostram-se insuficientes. O governo frustra a expectativa da população".
Por fim, diz o folheto que "o controle da criminalidade, em todas as suas formas, e a aplicação rigorosa da lei serão metas fundamentais do governo Fernando Henrique".
Ou seja, há seis anos o país já não aguentava mais, conforme se deduz da análise do candidato Fernando Henrique Cardoso. Seis anos depois, o diagnóstico continua valendo, a julgar pelas declarações do mesmo cidadão, agora presidente da República em seu segundo mandato.
Que tal parar de ficar fazendo diagnósticos e de produzir "achismos" e começar a governar efetivamente?



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