São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2005

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CONSUMO MAIS FRACO

Mais um indicador reitera o diagnóstico de que a atividade econômica já há algum tempo perde fôlego. Trata-se, desta feita, do resultado relativo a abril, divulgado ontem, da pesquisa mensal do IBGE que afere a evolução das vendas do varejo em âmbito nacional.
O levantamento apurou que de março para abril o comércio sofreu pequeno recuo de vendas. Chamou a atenção, em particular, a queda verificada em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios e bebidas -segmento que vende sobretudo bens de consumo básico.
Num contexto em que os investimentos estão em recuo -conforme atestaram os números do PIB- e as vendas de bens de consumo duráveis desaceleram, um enfraquecimento do consumo básico se afigura particularmente incômodo, por sugerir uma debilitação generalizada do dinamismo do mercado interno.
A maioria dos indicadores recentes relativos ao mercado de trabalho não fazia antever o enfraquecimento do consumo básico apurado pelo IBGE. O desemprego segue em queda, embora lenta, e o poder de compra dos trabalhadores, em trajetória de recuperação, também lenta e irregular.
É possível que o desgaste da confiança dos consumidores tenha contribuído para a retração. Corrobora essa hipótese o fato de que desde março a confiança dos consumidores paulistanos se encontra em queda -movimento que teve continuidade em junho, de acordo com pesquisa da Federação de Comércio do Estado, também divulgada ontem.
Esses elementos agravam o clima de apreensão acerca da atividade econômica. As expectativas do setor produtivo e dos trabalhadores, deterioradas pela taxa de juros excepcionalmente alta, precisam receber um alento antes que a onda de pessimismo ganhe impulso. É fundamental que o Banco Central, ao deliberar, hoje, a respeito da taxa de juros, leve isso em consideração.


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