|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Inteligência aloprada
Os índices de popularidade do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva não refletem apenas sua empatia popular. São também fruto da
capacidade que demonstrou, como governante, de preservar as
conquistas de seu antecessor e
avançar no crescimento econômico e na distribuição de renda, por
meio de medidas como a elevação
do salário mínimo, o aumento do
crédito e a ampliação do programa Bolsa Família.
Bem sucedido no plano interno,
Lula também fez fama no palco
global. Tornou-se uma espécie de
"popstar" da política emergente,
o "cara" com quem chefes de Estado de variadas procedências querem aparecer na fotografia.
Tudo isso, como se sabe, confere ao presidente um papel relevante na disputa eleitoral -que
ele tem exercido, aliás, com mais
desenvoltura do que o recomendável. Fala o que deseja, quando
deseja, onde deseja, como se pairasse acima do bem e do mal.
Multado cinco vezes por ferir as
regras eleitorais, chegou ao cúmulo de tratar juízes de maneira jocosa, em sintomático menosprezo
ao Poder Judiciário.
No domingo passado, durante o
lançamento da dupla Dilma Rousseff e Michel Temer, Lula não
ofendeu a lei, mas a realidade. Ao
afirmar que seus oponentes "inventam" dossiês e fazem "jogo
rasteiro", o presidente, sem cerimônia, inverteu os fatos e usou
seu peso político para, mais uma
vez, acobertar correligionários.
Até aqui, vieram dos bastidores
petistas as evidências sobre montagens de dossiês para atingir rivais. Além da investida contra o
candidato José Serra e membros
de sua família, a "equipe de inteligência" de Dilma levantou dados
fiscais e financeiros sigilosos do
tucano Eduardo Jorge, conforme a
Folha revelou no último sábado.
Repete-se o que ocorreu na
campanha de Aloizio Mercadante
ao governo paulista -quando petistas tentaram forjar um dossiê
contra o rival do PSDB.
Naquela ocasião foi o próprio
Lula quem escolheu o termo que
acabou por batizar os afoitos companheiros. Ficaram conhecidos
como "aloprados" -expressão
que, pelo visto, não perdeu a validade quatro anos depois.
Texto Anterior: Editoriais: Alternativas a Chávez Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Estranhos no ninho Índice
|