São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Intervenção
"Após leitura da entrevista do presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo (Brasil, pág. A13, 14/7), resta alguma dúvida quanto à existência da infiltração da corrupção naquele Estado? FHC vai aceitar tudo isso em prol do momento político?"
Lúcio J. M. Gonzaga (Belo Horizonte, MG)

"Entre a verdade do ex-ministro Miguel Reale Jr. e a do nosso quase ex-presidente tucano-pefelê, fico com a do ex-ministro. Esse não é aquele presidente que pediu que esquecêssemos tudo o que ele escreveu? Imaginem quando não escreve e não assina."
Jayme Kopelman (São Paulo, SP)

"Sinceramente, não dá para entender tanta bronca pelo fato da não-intervenção no Estado do Espírito Santo, solicitada em razão da insegurança reinante naquele Estado.
Por que ninguém pede a intervenção em Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, onde a violência campeia à solta? Seria por meras razões políticas? Os governadores paulista e carioca seriam mais simpáticos aos olhos dos leitores?"
Elu Matnos (São José do Rio Preto, SP)


Eleições
"Demorou, mas o Lula e o PT aprenderam que as relações entre Estados devem ser respeitadas e que contratos existem para ser cumpridos. Reconhecemos que houve "evolução", mas daí a achar que isso já é suficiente para governar um país tão complexo como o Brasil vai uma distância muito grande."
Rodrigo de Campos Netto (Brasília, DF)

"O candidato Anthony Garotinho declarou que, eleito, exigiria mudança na Lei Eleitoral, obrigando os veículos a dar o mesmo espaço a todos os candidatos (Folha, pág. A5, 13/7).
Ou ele ignora que existem Constituição e Poder Legislativo no país, ou sugere que fecharia o Congresso, para legislar por decreto, imponto exigências e obrigações. Em qualquer dos casos, a linguagem e o projeto são assustadores."
Marcos Silva (São Paulo, SP)

"Quer dizer que, para conseguir dinheiro do empresariado para financiar a campanha, Ciro Gomes usa o argumento de que só ele tem condições de ganhar do Lula no segundo turno? Então, o empresariado não se preocupa com programa, e sim em derrotar o Lula? Por que tanto medo do Lula?"
Vera Correa (Curitiba, PR)


Sujeira
"É uma lástima que a Justiça Eleitoral tenha permitido a colocação de "banners" e faixas de campanha eleitoral em postes e passarelas da cidade. Ela acredita que o fim (o processo democrático) justifica os meios. Pois o fim para isso tudo é um grande lixo: além da grave poluição visual, a tendência é que todo esse material vá parar na sarjeta, depois nos bueiros, entupindo-os, gerando alagamentos etc. Além do incentivo ao desrespeito ambiental."
Eduardo Britto (São Paulo, SP)


Utopia
"A Coréia deu um grande salto no ranking da economia mundial. Partindo de baixo, na década de 1980, com esforço e trabalho, hoje ocupa posição de destaque em nível internacional. Graças ao empenho da força operária, com carga diária de 12 horas, conseguiu sobressair.
Quem sabe um dia nossos sindicatos caiam na real, concordem com menores encargos sociais e, num esforço conjunto, o governo diminua carga tributária, o operário vista a camisa do patrão e nossas lideranças se tornem mais brasileiras e menos corruptas; então talvez consigamos nos tornar economicamente independentes. Pode ser utopia, mas sonhar não é pecado."
Humberto Schuwartz Soares (Vila Velha, ES)


Educação
"É muito oportuno o debate sobre a expansão dos cursos sequenciais ("Tendências/Debates", pág. A3, 13/7). Curiosamente, o diagnóstico dos dois artigos é o mesmo: é preciso expandir o sistema público de ensino superior de qualidade.
Os projeto dos profs. Coggiola e Helene esbarra em um problema intransponível: o Estado de São Paulo gasta atualmente quase 10% de sua arrecadação com as três universidades estaduais. Dobrar o número de alunos desse sistema na sua forma atual significaria, em primeira aproximação, levar o dispêndio com o sistema público superior para quase 20% da arrecadação.
É preciso buscar alternativas criativas ao nosso modelo rígido de formação superior. Cursos profissionalizantes de curta duração e sequenciais de qualidade constituem uma excelente opção.
Leandro R. Tessler, coordenador-executivo da Comissão Permanente para os Vestibulares, da Unicamp (Campinas, SP)


Poderes
"Os brasileiros são um punhado de gente cercado de poderes. De um lado, um poder paralelo eficiente, objetivo, capaz, organizado e destemido, que produz resultados, pois é formado por indivíduos determinados. A bandidagem sabe o que quer.
De outro lado está um poder político oficial medíocre, frágil, sem objetivos, sem preparo, desmantelado, por ser formado de indivíduos de conduta moral duvidosa, que abalam a crença nas instituições de segurança e justiça.
Assim, ficamos entre um poder bandido, audacioso e eficiente em seus propósitos, e um poder falso, que não merece credibilidade."
João Guarnieri Batistela (São Paulo, SP)


Timor
"Ao longo de mais de duas décadas, o governo brasileiro foi omisso em relação à questão do Timor Leste. Se o nosso governo se omitiu na fase mais dura da dominação e do genocídio realizados pela Indonésia, na fase pós-independência o quadro não deve se alterar significativamente. Cabe, portanto, à sociedade civil, em suas diversas instâncias, mobilizar-se para auxiliar o povo do Timor Lorosae.
Devemos lembrar, não obstante, que o Estado e a nação portugueses também possuem uma dívida muito grande para com esse país, pelo modo desordenado e caótico que o deixaram, após séculos de exploração -da mesma forma como abandonaram os colonos de origem portuguesa em países como Angola e Moçambique, obrigando-os a voltar a Portugal em situação extremamente precária, portando apenas alguns poucos pertences.
Everton Jobim (Rio de Janeiro, RJ)


Ensaio
"Brilhante, oportuno e provocativo o ensaio "A Revolução Francesa nas letras", de autoria de Sérgio Paulo Rouanet (Mais!, pág. 13, 14/7). Sou doutorando em história na Unicamp e pesquiso os influxos exercidos por Hugo e por seu romance "Quatrevingt-treize" sobre a narrativa de "Os Sertões", de Euclides da Cunha, cujo centenário de publicação é comemorado neste ano."
Raimundo Nonato Moreira (Salvador, BA)


Luvas
"Com extenso destaque, na capa do caderno Esporte (13/7), a Folha exaltou a façanha de um brasileiro que surrupiou as luvas do goleiro da seleção alemã logo após o encerramento do jogo final da Copa.
Em nenhum momento o jornal questionou o "jeitinho brasileiro" de agir do torcedor -que, em português claro, afanou algo que não lhe pertencia. Afinal, nesse momento catártico, tudo era festa e todos os meios eram lícitos para comemorar a consagradora vitória obtida pela pátria em terras do Oriente. Será que nosso malandro torcedor doará o dinheiro que pretende arrecadar com a venda de seu novo fetiche às criancinhas pobres do Brasil?"
Caio Navarro de Toledo (São Paulo, SP)


Armas
"Mais uma vez as pessoas que são contra o uso de armas promoveram uma ridícula manifestação no Rio. Querem que a sociedade acredite que a criminalidade ocorre por conta da existência de objetos, e não por causa da ausência do Estado nos mais elementares setores, como a segurança pública."
Marcelo Pereira (São Paulo, SP)


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