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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
A lamentável
desordem!
UM ENSAIO publicado em ""O
Estado de S. Paulo" (Norman Gall, "Ordem e desordem nas escolas", 17/6) apresenta
denúncias e soluções para um problema que apavora todos: a violência nas escolas.
Pesquisas realizadas pelo Instituto Fernand Braudel mostram
que, num grande número de casos,
os alunos dominaram por completo as escolas do ensino fundamental. Com os lamentáveis acontecimentos ocorridos na reitoria da
USP, somos tentados a dizer que
dominaram lamentavelmente todos os níveis de ensino.
A destruição do equipamento escolar é freqüente: paredes são pichadas, móveis, quebrados, bacias
de privadas, arrancadas, e computadores, violados e roubados.
Professores e diretores estão
apavorados. O medo os leva a tolerar agressões verbais e físicas,
ofensas sexuais, porte de armas e
estouro de bombas caseiras em
plena sala de aula. Eles não contam
com nenhum apoio quando são
ameaçados de morte ou quando
seus carros são depredados.
Uma professora de uma escola
de Guaianazes (São Paulo), conta
Gall, foi assassinada na porta de
entrada porque decidiu combater o
tráfico de drogas, que atingia seus
alunos. Ninguém fez nada para
protegê-la, e seus parentes, no dia
do enterro, ouviram de um policial:
"É muito perigoso desafiar os bandidos da droga".
A situação é gravíssima. A escola
está sendo desconstruída -essa
que é uma das principais instituições para erguer um país e sustentar a democracia.
Norman Gall lembra que, nos
EUA, também existe violência escolar. Mas as autoridades têm mecanismos para combater o problema, reduzindo-o ao mínimo.
Ninguém nega que a violência é
reflexo de problemas sociais complexos. Entretanto, medidas específicas podem ajudar a manter a escola como um lugar agradável para
ensinar e aprender. É muito importante ter códigos de conduta
para todos os que estão na escola;
montar grupos compostos por policiais e educadores para garantir a
segurança com inteligência; envolver os pais no trato do problema;
assistir os estudantes mais perigosos; e aplicar penalidades.
Por trás de todas as medidas, há
que proteger os professores e atualizá-los não só sobre a matéria que
ensinam mas, sobretudo, sobre como agir na aplicação de um código
de ética rigoroso. Os direitos humanos dos desordeiros não podem
prevalecer sobre os direitos humanos dos mestres e dos alunos que
querem aprender.
Em suma, professores e diretores precisam ser muito bem preparados e amparados. É com isso que
vamos resolver o problema. Não
podemos jamais esmorecer.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.
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