ASSUSTADO com o galope da crise econômica, o governo Bush anunciou mais um pacote bilionário de socorro financeiro. O objetivo é evitar a insolvência das duas maiores instituições do mercado de hipotecas, Fannie Mae e Freddie Mac, e interromper especulações que poderiam afetar outras empresas do setor financeiro.
Desde a década de 1980, o crédito para a casa própria nos EUA é ancorado em quatro agências: Federal Housing Administration (FHA), Government National Mortgage Association (Ginnie Mae), Federal National Mortgage Association (Fannie Mae) e Federal Home Loan Mortgage Corporation (Freddie Mac).
O sistema foi construído sob garantias públicas, diretas ou indiretas. Desde 1934, a FHA emite seguro para empréstimos de maior risco, beneficiando famílias de menor renda. Em 1968, a Fannie Mae (criada em 1938) foi dividida em duas agências.
A primeira, com o mesmo nome, tornou-se uma Government-Sponsored Enterprise (GSE): empresa privada, com ações em Bolsa, mas de finalidade pública. Obteve permissão para comprar hipotecas convencionais, a fim de fortalecer os mercados privados desses papéis.
Em 1970, o Congresso criou outra GSE, a Freddie Mac, para incentivar o mercado de hipotecas convencionais originadas pelas "Savings & Loans", instituição assemelhada à caderneta de poupança brasileira. Todo esse complexo e gigantesco sistema hipotecário, capitaneado por Fannie Mae e Freddie Mac, assegura dívidas imobiliárias da ordem de US$ 4,6 trilhões.
Com a expansão vigorosa do mercado de crédito à habitação, os bancos comerciais se tornaram importantes distribuidores de hipotecas, algumas de alto risco. Tais papéis, os "subprime", estão na origem da crise atual.
Com mais um aporte bilionário, o governo Bush e o Fed (Banco Central) procuram estancar a cadeia de contágio da crise. A julgar pela reação pessimista dos mercados, ontem, outras batalhas vultosas ainda virão.


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